Tensão entre Rússia e Turquia sobe de tom por ofensiva na Síria

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta quarta-feira uma ofensiva militar de forma “iminente” em Idlib, noroeste da Síria, mas a Rússia lançou uma advertência contra estas pretensões.

 

Sinal da extrema tensão na zona, Erdogan reiterou seu ultimato ao regime para que se retire antes do fim de Fevereiro do leste de uma estratégica estrada e dos arredores dos postos de observação turco, em Idlib.

“A operação em Idlib é iminente, estamos em contagem rregressiva. São últimas advertências”, disse Erdogan em um discurso no Parlamento.

De Moscou, porém, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, advertiu Erdogan de que “se trata de uma operação contra o poder legítimo da República síria e das Forças Armadas da República síria, o que seria, sem dúvida, o pior cenário”.

Estas ameaças acontecem no momento em que as conversas entre Ancara e Moscou, que apoia o governo Bashar al-Assad, não conseguiram reduzir a tensão na região de Idlib.

“Infelizmente, nem as conversas realizadas no nosso país e na Rússia, nem as negociações no terreno nos permitiram chegar ao resultado que desejamos”, condenou Erdogan.

O emissário da ONU para a Síria alertou, nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidos para o “risco iminente de escalada”.

Apoiadas pela aviação russa, as forças de Damasco realizam nas últimas semanas um duplo ataque para recuperar este último bastião rebelde e jihadista.

No início de Fevereiro, as tensões aumentaram de várias maneiras quando os soldados turcos estacionados em Idlib no âmbito de um acordo entre Ancara e Moscou morreram em bombardeios sírios.

Segundo a ONU, cerca de 900.000 pessoas, a grande maioria mulheres e crianças, fugiram desde o início de dezembro pela ofensiva lançada pelo governo Assad e por Moscou na região de Idlib e seus arredores.

Em guerra desde 2011, o país nunca havia experimentado um êxodo desses em um período de tempo tão curto.

No total, o conflito sírio levou milhões de pessoas ao exílio e deixou mais de 380 mil mortos.

Em uma entrevista coletiva em Istambul, nesta quarta, uma coalizão de ONGs sírias, a SNA, pediu “ao mundo que desperte e detenha o massacre” em Idlib.

As ONGs estimam em cerca de US$ 335 milhões a ajuda de urgência para atender às necessidades básicas dos deslocados refugiados perto da fronteira turca, amontoados aos milhares em acampamentos improvisados.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 400 civis, incluindo 112 crianças, morreram desde que o regime e a aviação russa lançaram a ofensiva.

Muitas ONGs acusam o governo Assad e a Rússia de tomarem a população e infra-estrutura civis como alvo.

Das 550 instalações sanitárias da região, apenas metade continua funcionando, lamentou ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), os dois últimos hospitais operacionais no oeste da província de Aleppo, vizinha de Idlib, foram afetados pelos ataques. (RM-YN)

Fonte:Rádio Moçambique Online

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