Alguns sobreviventes dos ataques terroristas reassentados no distrito de Montepuez, sul de Cabo Delgado, não estão a beneficiar de apoio devido a casos de oportunismo protagonizados por um grupo de deslocados que têm estado a açambarcar produtos doados pelo Governo e pelas organizações humanitárias.
Além de preocupante, a situação é considerada crítica por estar a dificultar a gestão do governo do distrito que continua a receber centenas de famílias que fogem do ambiente de insegurança, que tende agudizar a cada dia que passa.
“Irmãos deslocados se inscrevem em várias aldeias. A mesma família se inscreve, a mãe se inscreve, o filho se inscreve, o pai se inscreve e acabam sendo vários agregados familiares num agregado só,” revelou Isaura Máquina, Administradora do distrito de Montepuez.
Entretanto, para evitar situações de oportunismo, decidiu tomar algumas medidas de controlo de modo a garantir que algumas famílias não fiquem prejudicadas com a atitude, considerada desumana.
“Se encontramos as pessoas com os kits que distribuímos nos centros de reassentamento para a cidade, nós arrancamos e entregamos a quem precisa, porque essa pessoa não é pessoa daquela aldeia, e de uma outra,” explicou Isaura Máquina
Além do oportunismo por parte de alguns deslocados, a administradora de Montepuez, admitiu a possibilidade de venda de terras e senhas para que as pessoas se beneficiem de ajuda humanitária, e confirmou a tomada de medidas as pessoas que praticaram os actos.
“Houve alguns casos esporádicos de venda de terreno e senhas de ajuda humanitária para os deslocados, mas nós tomamos medidas para desencorajar esta atitude que revela falta de patriotismo e a solidariedade perante uma situação dramática como esta,” disse Máquina, sem entrar em detalhes sobre as identidades dos autores muito menos as medidas tomadas.
Montepuez conta com cinquenta mil deslocados, e desde o ataque terrorista à vila de Palma, a 24 de Março último, recebe diariamente dezenas de famílias que precisam de todo tipo de ajuda, especialmente abrigos e alimentos.
Fonte:O País