Bruno Gramacho entende que a sociedade deve pagar pelos produtos que consome

A transformação do tradicional para o digital deve ser feita em passos. A educação é tida por Bruno Gramacho, empresário, publicitário, sócio e director da IM Creative Agency, do Brasil, como o primeiro passo para o efeito. “É preciso adaptar/qualificar o factor humano à nova realidade”, diz.

No painel sobre o futuro do entretenimento face as tendências digitais, todos os painelistas foram unânimes e concordaram que a educação é o factor chave.

Stewart Sukuma, músico, apresentador e sócio administrador da Stewart Sukuma Lda., enaltece os ganhos trazidos pelos avanços tecnológicos. “A internet trouxe uma oportunidade aos músicos que não tinham espaço nas editoras a exporem os seus produtos”, diz, contudo, relembra que há constrangimentos, aliás, diz o músico, tudo o que é novo apresenta desafios.

Sukuma destacou a necessidade do sector de educação integrar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) a partir do ensino primário. O músico considera que os jogos não têm sido boas influências para as crianças. E mais, diz mesmo representarem uma ameaça aos mais novos. Por isso, julga, é necessário passar a informação certa sobre o uso das tecnologias.

Entretanto, Johanna Nylander, responsável pelos assuntos de política da Associação da Indústria Sueca de jogos, da Suécia, diz que os jogos podem ser usados para auxiliar a educação das crianças.

Em relação ao uso da tecnologia na música, Sukuma volta a relembrar as vantagens. Conta que através do uso de plataformas digitais, os músicos podem facturar, sem intermédio das tradicionais editoras. E por falar em plataformas, Guerte Mambo, ou simplesmente G2, CEO da Mozik, mostrou já ter domínio no assunto e falou da iniciativa tecnológica que dirige. “A Mozik foi criada para permitir aos músicos auferirem receitas com a venda das suas músicas”. Como constrangimentos, apontou o facto de os empresários não olharem para a música como algo rentável, por outro lado, destacou a necessidade de se educar a sociedade a ter a cultura de pagar pelos produtos que consome.

Aliás, sobre este assunto, Gramacho, que é publicitário da renomada cantora brasileira, Ivete Sangalo, também teceu comentários, depois de questionado pela plateia, porque em Moçambique não se enriquece com a música. O empresário disse ser preciso ter cultura de consumidor e apoiar os artistas, pagando pelos seus produtos.

E porque é do futuro que se estava a falar, G2 explicou que a Mozik prevê calcular quanto a indústria musical perde com a disponibilização gratuita dos produtos dos artistas. Actualmente, através de um painel de distribuição da Mozik os músicos podem cadastrar-se, partilhar seus serviços e controlar quanto os seus produtos estão a render.

A regulação do espaço cibernético é quase que um ponto inevitável quando se fala transformação digital. Nesse sentido, Nylander disse ser preciso olhar para o entretenimento como um mercado global e ter em conta as novas dinâmicas, para evitar piratarias. Como possíveis soluções, referiu que os artistas podem tentar novos sistemas, criar e usar, por exemplo, canais que não permitam downloads para pessoas não cadastradas.

 

Fonte: O Pais -Economia

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