A edição deste ano da Feira do Livro de Maputo, que vai decorrer de 24 a 26 deste mês, no Jardim Tunduro e em vários espaços culturais da Cidade de Maputo, vai contar com escritores, ilustradores, educadores, artistas visuais e pesquisadores. Entre os convidados, contam-se 20 autores brasileiros. Para Juci Reis, idealizadora e curadora da Comitiva Bahia na Feira do Livro de Maputo 2024, com a vinda dos 20 autores baianos, está em causa a promoção da sua circulação “nas áreas de literatura e bibliodiversidade”.

Segundo disse Juci Reis, a participação da Comitiva Bahia na Feira do Livro é uma resposta às acções continuadas da bibliodiversidade no Brasil, à cadeia produtiva do livro, que possibilita a democratização da informação e garante a representatividade, neste caso, autoras negras baianas. Também é indicador de como a produção literária, no contexto raça e género, estão à margem de alguns dos imperativos sociais, especialmente, o racismo estrutural. Logo, acrescentou, a circulação de autoras negras baianas significa resistência, para promover produções independentes e o reconhecimento de novas produções da literatura feita na Bahia, em suas mais variadas formas e expressões e o seu valor para a construção de relações com a literatura africana.

Com a participação na Feira do Livro de Maputo, a Comitiva Bahia espera ter um intercâmbio positivo para a construção de relações literárias, como também o reconhecimento das  novas produções da literatura feita na Bahia. De igual modo, a Comitiva Bahia espera que as autoras baianas possam dialogar com a cena contemporânea de literatura em Moçambique e fazer trocas significativas com o público leitor, especialmente promover o discurso sobre bibliodiversidade potencializando temáticas até pouco tempo atrás inusuais na ficção brasileira.

Juci Reis é cofundadora da Harmonipan e Flotar, 2010 (Brasil/México). Colabora com projectos de gestão cultural nos Institutos Guimarães Rosa da Embaixada do Brasil em Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e Moçambique. Actualmente é Consultora de Inteligência de Mercado do Sector Editorial do MICBR (OEI) e curadora convidada do MMAC (Morelense), Museu de Arte Contemporânea do México 2023/2024.

Quanto a Flotar, é uma plataforma curatorial que foi criada com o objectivo de promover o diálogo internacional entre as diferentes disciplinas da arte contemporânea, bem como criar relações entre artistas e gestores do campo cultural. Nos últimos 13, realizou mais de 800 projectos, de forma construtiva, quase todos numa esfera de autogestão e circuitos colaborativos, o que inclui desenvolvimento de projectos artísticos e educativos em mais de 10 países, geridos de forma associativa entre artistas e instituições, entre as quais programas em Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, Japão, Estados Unidos, Canadá, Portugal, Polónia, Noruega, Brasil e México.

Fonte:O País

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