“Em reconhecimento pela ilustre vida do falecido arcebispo emérito Tutu e da sua inestimável contribuição para a nação”, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, determinou que o líder religioso terá um funeral de Estado, anunciou a presidência em comunicado citado pelo “Notícias ao Minuto”.Depois de ter visitado na segunda-feira a casa de Desmond Tutu, que morreu aos 90 anos, para prestar homenagem à sua família, Ramaphosa confirmou que o funeral teria esta categoria, com “características religiosas”.O funeral de Estado inclui normalmente “elementos cerimoniais” das Forças Armadas sul-africanas mas, de acordo com os desejos antes expressos pelo defunto, limitar-se-ão nesta ocasião à apresentação da bandeira nacional à viúva do arcebispo, Nomalizo Leah Tutu, disse o Governo.Além disso, “a bandeira nacional será hasteada a meia haste” nos edifícios públicos do país e nas embaixadas sul-africanas no estrangeiro “desde o pôr-do-sol de hoje (…) até à noite do funeral”.Tal como anunciado na segunda-feira por Thabo Makgoba, o atual arcebispo da Cidade do Cabo – onde Tutu morreu e foi a primeira pessoa negra a ser nomeada para o cargo, em 1986 – os sinos da Catedral de São Jorge tocarão durante toda a semana para homenagear o defunto.Os sul-africanos já começaram a deixar ramos de flores e notas de homenagem a Tutu na igreja, um símbolo da democracia no país conhecido como a “catedral do povo” durante o regime racista do ‘apartheid’, que governou desde 1948 até ao início dos anos 90 na África do Sul.Makgoba revelou também que, de acordo com os desejos de Desmond Tutu, o seu corpo será cremado e as suas cinzas colocadas na catedral.Falando ontem à imprensa fora da residência da família de Tutu, o Presidente Ramaphosa salientou que “o seu estatuto global e o amor que está a receber de vários países de todo o mundo mostra muito do que este representava e do que as pessoas viam nele, como um grande líder”.Prémio Nobel da Paz em 1984 pela sua luta contra a brutal opressão do ‘apartheid’, Desmond Tutu é considerado uma das figuras-chave da história contemporânea da África do Sul.A sua carreira foi marcada por uma constante defesa dos direitos humanos, algo que o levou a distanciar-se em numerosas ocasiões da hierarquia eclesiástica para defender abertamente posições como os direitos dos homossexuais ou a eutanásia.Nos últimos anos, afastou-se da vida pública devido à sua idade avançada e aos problemas de saúde de que sofria, incluindo um cancro da próstata.Após o fim do ‘apartheid’ em 1994, quando a África do Sul se tornou uma democracia, Tutu presidiu à Comissão Verdade e Reconciliação, instituição que documentou as atrocidades durante o regime de segregação racial e procurou promover a reconciliação nacional.Tutu ganhou ainda enorme visibilidade enquanto um dos líderes religiosos mais proeminentes do mundo na defesa dos direitos LGBTQ (Lésbicas, ‘Gays’, Bissexuais, Transsexuais e ‘Queer’).

Fonte : Folha de Maputo

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