Agentes da Polícia da República de Moçambique do ramo de transportes e comunicações afectos à estação ferroviária de Cuamba, província do Niassa, protagonizaram na madrugada de ontem, terça-feira, actos de violência física contra os passageiros, que pretendiam seguir viagem.

Os agentes que se apresentavam, alegadamente, em estado de embriaguez por suposto consumo de bebidas alcoólicas, espancaram também os passageiros que pretendiam fazer o despacho das suas mercadorias no comboio com destino à cidade de Lichinga.

O chefe da estação de Cuamba, Edgar Como, também não escapou da brutalidade dos dois agentes de um grupo em serviço constituído por cerca de seis, no portão destinado à passagem de mercadorias do armazém para o comboio e vice-versa, tendo sido vilipendiado, achincalhado, humilhado, quando pretendia atravessar o local para o seu posto de trabalho.

Para violentar brutalmente e de forma selvática, acto testemunhado pela nossa reportagem, em tempo real, os referidos agentes recorreram às armas de fogo do tipo AK-47 que estavam na sua posse e ao invés de impor ordem, semearam com elas a desordem naquela estação.

Não valeu de nada o esforço que Edgar Como, na qualidade de representante do Corredor de Desenvolvimento do Norte, consórcio que explora o sistema ferroviário de Nacala, fez para amainar os ânimos e a brutalidade demonstrada pelos agentes da PRM.

A nossa reportagem não pode confirmar as alegacões segundo as quais os agentes da PRM do ramo da PTC normalmente facilitam a entrada de passageiros ao recinto ferroviário a troco de valores monetários, quando pretendem ocupar lugares nas carruagens para viajar sentados, sobretudo, nos últimos dias, que a procura por aquele transporte disparou e a empresa provedora, aparentemente, não está capaz de satisfazer a demanda, sobretudo nos comboios Cuamba-Lichinga e vice-versa.

As estradas da província do Niassa não são transitáveis, neste período chuvoso, e o comboio é o mais preferido para as viagens ligando as cidades de Cuamba e Lichinga.

O facto justifica-se pelas enchentes nas duas estações ferroviárias, onde os bilhetes de passagens esgotam em menos de 30 minutos, após a abertura das bilheteiras ao público.

Edgar Como disse, num breve diálogo com a nossa reportagem, que vai propor a retirada dos elementos da PRM do ramo da PTC, que protagonizaram aqueles desacatos admitindo que podem ter agindo sob uma motivação, que precisa de apurar melhor.

Entretanto Celestino Ziade, comandante distrital da PRM em Cuamba, disse que, independentemente, da motivação que possa estar por detrás da sua actuação os agentes implicados devem ser punidos, disciplinar e criminalmente, pelos seus actos, se se provar os actos desviantes. Acrescentou que o papel dos agentes da PRM é de proteger a população e não de se revoltar contra ela recorrendo à forca. “Vamos investigar a ocorrência e responsabilizar os responsáveis de acordo com o estatuto dos órgãos de defessa e segurança”, vincou Ziade.

Sublinhar que não foi a primeira vez que elementos das forças de defesa e segurança e da força de segurança privada afecta à estação ferroviária de Cuamba protagonizam, sob o olhar da nossa reportagem, actos de violência, alegadamente, para impor a ordem no decorrer do processo de entrada dos passageiros para o comboio. 

    Fonte:Jornal Notícias

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