O vice-presidente da petrolífera norte-americana, Anadarko, John Grant, reconheceu ontem a importância do sector público, para a sustentabilidade dos negócios, mas sublinhou que esta é uma competência dos governos, enquanto o sector privado dá prioridade aos accionistas.

“Não é realista esperar que as empresas privadas não dêem prioridade aos interesses dos seus accionistas. Isto pode parecer uma declaração crua e dura, mas é a natureza do sistema económico, que temos e as empresas vão continuar a defendê-lo”, salientou John Grant, durante uma intervenção numa conferência sobre estados frágeis, que decorreu ontem em Lisboa.

O responsável da petrolífera norte-americana acrescentou, no entanto, que as empresas devem criar valor “no longo prazo e de forma realista” e que deve ser exigido, que cumpram as obrigações legais no país, em que operam.

A Anadarko, uma multinacional, que opera nos Estados Unidos, Golfo do México e em África anunciou, recentemente, que vai investir mais de 20 mil milhões de dólares, num projecto de gás natural na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, um valor equivalente ao dobro do Produto Interno Bruto do país.

John Grant considerou que as empresas “devem perceber o que é preciso, para gerir um negócio com sucesso, a longo prazo, num país em desenvolvimento” e que isso implica também ter em conta os interesses locais.

“Se accionistas e investidores querem um negócio de longo prazo, sustentável e bem sucedido, que gira os riscos de forma eficaz e ao mesmo tempo protege os accionistas, tem de perceber que a sua presença em qualquer país tem de ser alinhada com os interesses das pessoas, que vivem nesse país”, seja a nível dos negócios locais, as comunidades locais ou cidadãos em geral.

Sublinhou ainda que as empresas devem estabelecer relações de confianças com os governos e as comunidades locais, pois, isso “é importante, para criar valor para os acionistas, a longo prazo”.

Para o vice-presidente da Anadarko, uma gestão ética e sustentável é compatível com os interesse dos accionistas e desejável.

“Um comportamento eticamente reprovável pode gerar uma oposição popular e política tão forte, que pode ameaçar as operações e mudar as coisas, de forma significativa”, avisou, apontando alguns factores de mudança, como o poder dos cidadãos, as redes sociais e o distanciamento entre políticos e seus eleitores.

Lembrou, no entanto, que muitas decisões estão do lado dos governos.

“A chave de tudo, isto é, uma boa governação do sector público e isto não são as empresas que fazem. Nós gerimos negócios, não gerimos governos”, reforçou o também responsável pelas relações internacionais da Anadarko.

    Fonte:Jornal Notícias

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