A primeira vitória de Ayrton Senna, alcançada no autódromo do Estoril foi, na verdade, um espetáculo, um prodígio de condução à chuva. Sob um autêntico dilúvio. Tal como o segundo triunfo, na Bélgica, no circuito de Spa-Francorchamps.

O triunfo no Grande Prémio de Portugal, o segundo de Ayrton ao serviço da Lotus, foi o primeiro após a morte do lendário Colin Chapman.

Ayrton Senna tinha uma relação de algum modo estreita com Portugal. A convite de Pedro Silva Reis, da Real Vinícola, visitava com alguma frequência o Porto e o Douro, onde se refugiava, para uns dias de descanso, longe do ambiente frenético do mundo das corridas.

A primeira visita ao Porto ocorreu em 1985 e, desde então, contactei algumas vezes com Ayrton, que à primeira impressão me pareceu uma pessoa algo tímida, muito reservado e obstinado em ser o melhor de todos.

No entanto, no decorrer de um Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, creio que em 1987, estava a fazer a cobertura para O Comércio do Porto, quando o segurança da sala de imprensa se dirigiu a mim, pois estava à porta alguém que me desejava falar.

Era Marinho Peres, treinador de futebol, capitão da seleção do Brasil no Mundial de 1974, e que, na temporada anterior, treinara o Vitória de Guimarães.

Conhecíamo-nos dessas lidas futebolísticas. Marinho Peres dirigia o Belenenses e deu uma saltada ao autódromo do Estoril, com o objetivo de tirar uma foto com Ayrton Senna, um grande embaixador, uma bandeira do Brasil em todo o mundo.

Marinho Peres foi direto ao assunto: «Cara, você me consegue essa foto?». Tentei dar a melhor resposta e «paddok» fora, lá nos dirigimos para a motor-home da Lotus. Bati à porta, disse ao que ia e, pouco tempo volvido, surgiu Ayrton Senna, que de pronto acedeu ao pedido, para grande felicidade de Marinho Peres. Hoje, teria sido uma «selfie».

Outra característica de Ayrton Senna, sempre obcecado com a perfeição, em ser o melhor, era a frugalidade à mesa. Estar em boa forma física era uma preocupação e por isso não se afirmava, seguramente, como um bom garfo. Tinha mesmo alguma parcimónia.

Ser o melhor de todos, num mundo tão competitivo, marcado por grandes rivalidades e polémicas era o grande objetivo de Ayrton Senna, um piloto realmente diferente.

Fonte:TSF Desporto

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