O Banco Mundial acaba de desembolsar 45 milhões de dólares norte-americanos em apoio à gestão sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais para os próximos cinco anos no nosso país, através da segunda fase do projecto MozBio, visando promover cadeias de valor rurais ao redor das áreas de conservação e melhorar a vida das comunidades locais.
O MozBio Fase 2 deverá permitir a redução da pressão sobre a biodiversidade por meio da promoção de negócios rurais.
A aposta do Banco Mundial sucede do facto de a primeira fase do projecto, lançada em 2015, ter mostrado que a gestão sustentável da biodiversidade e dos recursos naturais pode contribuir para a melhoria da vida das comunidades locais.
A primeira fase envolveu mais de 20 mil beneficiários em vários subprojectos de desenvolvimento comunitário que contribuíram para aumentar as oportunidades de geração de renda das comunidades na Reserva de Chimanimani, do Maputo, Gilé e do Parque Nacional das Quirimbas.
O projecto ainda aumentou a protecção e melhorou a gestão da biodiversidade e dos recursos naturais renováveis, deixando 1,8 milhão de hectares sob protecção reforçada em mais de 60 por cento das áreas de conservação em Moçambique.
O anúncio do apoio ocorreu ontem, em Maputo, na abertura da VII Reunião Nacional das Áreas de Conservação, um evento de dois dias organizado pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural,  e que serviu para lançar o MozBio Fase 2.
O representante do Banco Mundial para Moçambique, Mark Lundell, referiu ainda que a aposta no investimento decorre do compromisso que a instituição tem com o desenvolvimento rural e a gestão sustentável de recursos naturais para a melhoria de vida dos moçambicanos.
“A segunda fase do programa MozBio baseia-se nos importantes alcances e desafios da fase 1 e do engajamento do banco na conservação em Moçambique já há duas décadas. O desenvolvimento de cadeias de valor dos negócios rurais é uma ferramenta fundamental para a geração de renda e do espírito empreendedor na área rural e o MozBio Fase 2 também reforçará a integração regional de Moçambique, através da colaboração transfronteiriça na gestão dos recursos naturais renováveis”, disse, segundo a AIM.
Lundell alertou, no entanto, sobre a existência de alguns desafios: o fortalecimento e profissionalização da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), enquanto instituição-chave para a gestão do sistema de áreas de conservação.
“Trata-se de uma área que suportará a maior parte das actividades que concorrem para a sustentabilidade técnica e financeira da rede nacional das áreas de conservação, através da promoção de investimentos comerciais, marketing e engajamento de parceiros de co-gestão. Apelamos para que essa unidade se consolide o mais rápido possível”, recomendou.
O Ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, realçou a importância do financiamento do reforço da capacidade do governo para enfrentar as ameaças à conservação do capital natural de Moçambique e contribuir para a redução dos níveis da pobreza das comunidades locais.
O governante enalteceu, por isso, o Banco Mundial pela “aposta no financiamento dos programas de conservação da biodiversidade e a todos os parceiros que de forma incansável têm-nos proporcionado assistência, de várias formas, com o objectivo de elevar os níveis de gestão das áreas de conservação”.
A Reunião Nacional das Áreas de Conservação serviu como oportunidade para o governo partilhar parte dos resultados alcançados nos esforços de preservação da biodiversidade e perspectivar acções futuras.
Dados avançados pelo ministro revelam que nos últimos nove meses o nível de caça furtiva decresceu, tendo a  Reserva do Niassa, por exemplo, registado uma redução na ordem de 73 por cento de actividades ilícitas, como resultado do destacamento de uma unidade especializada das forças policiais para compor o comando conjunto, que inclui fiscais do Estado e dos concessionários privados.
Os esforços de combate à caça furtiva culminaram, nos últimos quatro anos, com a detenção de 1513 indivíduos indiciados de caça ilegal, para além da apreensão  de 497 armas de fogo usadas para abate de animais, destruição de 348 acampamentos de caçadores furtivos, desactivação de 41 967 armadilhas e a apreensão de cerca de seis mil quilogramas de marfim.
Participam da reunião, directores de serviços, delegados da ANAC, membros do Comité Técnico da ANAC, administradores de parques e reservas, representantes do ministério que superintende o sector das áreas de conservação, sector privado e convidados.

    Fonte:Jornal Notícias

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