NoticiasAI

Bispos da Costa do Marfim preocupados com “clima de medo”

Bispos da Costa do Marfim preocupados com "clima de medo"

 Os bispos da Costa do Marfim manifestaram-se, esta segunda-feira, “preocupados” com a situação sociopolítica e o “clima de medo” instalado no país antes das eleições presidências de Outubro de 2020.

“Um clima de medo e terror está gradualmente a instalar-se no nosso país”, escrevem os bispos, que apelam para que “as próximas eleições sejam transparentes, credíveis e pacíficas” e para que “todos aceitem os resultados como expressão da vontade da maioria dos marfinenses”.Nesse sentido, exortam o poder executivo a garantir “a total independência das instituições, incluindo da Comissão Eleitoral Independente”.”Como qualquer competição, as eleições precisam de um árbitro. Se o árbitro é jogador e árbitro, o fim da competição já é conhecido”, apontam.Os bispos assinalam que “questão da independência das estruturas que têm de arbitrar estes concursos eleitorais ainda divide e cristaliza tensões”, numa referência às críticas da oposição à nova comissão eleitoral.Os bispos manifestam-se, por isso, preocupados com a “situação sociopolítica que prevalece na véspera das eleições gerais no país”.Numa alusão aos motins que abalaram o país em 2017 e aos confrontos interétnicos que deixaram 16 pessoas mortas em maio de 2019, os representantes da Igreja Católica sublinharam a necessidade de “evitar uma outra guerra”.”Estes conflitos têm mostrado como os corações ainda não estão em paz e que tudo pode explodir a qualquer momento. Sobretudo com armas, o que revela que o processo de desarmamento da crise pós-eleitoral não chegou ao fim”, apontam os bispos.A Costa do Marfim tem eleições presidenciais marcadas para Outubro e o actual chefe de Estado, Alassane Ouattara, mantém o tabu sobre a eventual candidatura a um terceiro mandato, mas anunciou que será candidato se os seus rivais históricos, os ex-presidentes Laurent Gbagbo, 74 anos (75 em maio), e Henri Konan Bédié, 85 anos, concorrerem.Alassane Ouattara, que promoveu alterações à Constituição, em 2016, acredita ser legítima a candidatura a um terceiro mandato, numa leitura contestada pela oposição.Com um clima político tenso, as eleições presidenciais realizam-se quando passam 10 anos da crise pós-eleitoral de 2010-2011, que causou 3.000 mortos, devendo ser disputadas por alguns dos mesmos protagonistas.Neste contexto, a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional (AI) pediu há mais de uma semana às autoridades da Costa do Marfim garantias de um julgamento justo para familiares e membros da oposição próximos do candidato presidencial Guillaume Soro, detidos desde Dezembro.Guillaume Soro, antigo aliado do Presidente Alassane Ouattara, líder rebelde, ex-presidente da Assembleia Nacional, ex-primeiro-ministro e actual líder do partido “Générations et Peuples Solidaires” (GPS), anunciou a sua candidatura às eleições presidenciais de Outubro, sendo alvo de um mandado de detenção por tentativa de “minar a autoridade do Estado e a integridade territorial”.Num caso separado, foi também acusado de desvio de fundos públicos, ocultação dos fundos desviados e lavagem de dinheiro. (RM /NMinuto)

Fonte:Rádio Moçambique Online