Na segunda-feira, após seis dias de espera pelos 50 milhões de quenianos, o presidente da Comissão Eleitoral Independente (IEBC), um organismo independente profundamente dividido, anunciou a vitória do atual vice-presidente, William Ruto, com 50,49% dos votos contra 48,85% para Raila Odinga, avança o Notícias ao Minuto.Odinga rejeitou os resultados no dia seguinte.Numa posição surpreendente na segunda-feira à noite, quatro dos sete comissários da IEBC rejeitaram os resultados minutos antes de serem anunciados, culpando o presidente do organismo, Wafula Chebukati, pela gestão “opaca” e falta de consulta.Dias depois, o responsável da IEBC acusou esses quatro elementos de pretenderem forçar uma segunda volta das presidenciais entre Ruto e Odinga, algo que disse ter rejeitado.”Queremos que seja feita justiça para que a paz possa ser encontrada”, disse hoje Odinga, após uma reunião com líderes religiosos, na sua casa em Nairobi.”Decidimos usar a lei para ir ao Supremo Tribunal (…) para mostrar que isto não foi uma eleição, mas uma brincadeira”, acrescentou.A eleição marca uma quinta derrota presidencial para Odinga, embora a sua candidatura tenha sido apoiada este ano pelo Presidente em exercício, Uhuru Kenyatta, e pelo partido no poder.Todas as eleições presidenciais no Quénia foram contestadas desde 2002, e as disputas têm por vezes conduzido a confrontos sangrentos.Em agosto de 2017, o Supremo Tribunal anulou as eleições presidenciais após Odinga ter rejeitado a vitória de Kenyatta. Dezenas de pessoas foram mortas pela polícia em protestos.O rescaldo das eleições deste ano foi interpretado como um teste de maturidade democrática no país com a economia mais forte da África Oriental.Em 2007, em mais uma eleição renhida, Odinga também rejeitou o resultado sem ir a tribunal, provocando a pior crise pós-eleitoral da história do país, com mais de 1.100 mortes em confrontos inter-étnicos.Qualquer contestação deve ser apresentada até segunda-feira, 22 de agosto, ao Supremo Tribunal, que tem então 14 dias para tomar uma decisão. Se ordenar a anulação, deverá ser realizada uma nova eleição no prazo de 60 dias.”Estamos a fazer isto para defender a democracia e o nosso país”, disse Odinga.

Fonte : Folha de Maputo

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