O Centro de Integridade Pública denunciou casos de corrupção na emissão de cartas de condução no Instituto Nacional de Transporte Terrestre, em Maputo, num esquema fraudulento, que chega a render cerca de 30 milhões de meticais por ano.
De acordo com uma investigação da organização divulgada num documento distribuído à imprensa, o esquema envolve funcionários do Instituto Nacional de Transporte Terrestre, em que são cobrados cerca de 50 mil meticais, para a emissão de uma carta de condução, sem que, no entanto, o titular tenha passado por uma escola de condução, como determina a legislação.
O CIP simulou interesse em ter o documento e apresenta com detalhes, os passos para obter a carta, começando por identificar o “homem que faz parte do esquema”, que começa nas escolas de condução e vai até aos agentes do Instituto Nacional de Transporte Terrestre, entidade, que emite as cartas de condução.
A carta comprada é, em tudo, semelhante à original.
A ONG diz ainda, que cidadãos nigerianos e chineses são os maiores beneficiários dos esquemas de falsificação de cartas de condução.
“Em Dezembro de 2018, um cidadão nigeriano foi interpelado por funcionários do INATTER, quando ia levantar a carta (…) e não falava, nem entendia a língua portuguesa, factor este, que aumentou os níveis de desconfiança, de que a carta foi emitida de forma ilegal”, contou um colaborador do Instituto Nacional de Transporte Terrestre ao CIP.
Os acidentes de viação estão entre as principais causas da mortalidade em Moçambique, um país, paradoxalmente ,com um parque automóvel muito baixo.
Dados consultados pelo CIP indicam uma discrepância entre os candidatos examinados e emitidos, o que denota, que há um “número elevado” de cartas de condução a circular com cidadãos inabilitados.
O CIP diz que morrem por semana 30 pessoas vítimas de acidente de viação, posicionando Moçambique entre os 20 países do mundo com a taxa mais elevada de mortes por acidentes de viação.
“Há que ter em conta o facto de grande número de condutores se fazer à estrada sem ter passado por exames de condução, seja de aptidão física, seja do domínio das regras de trânsito ou de habilidade prática para conduzir”, justifica o CIP.
Os acidentes de viação estão entre as principais causas da mortalidade em Moçambique, um país, paradoxalmente, com um parque automóvel muito baixo.
Fonte:Jornal Notícias