O Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, dirigiu-se ao primeiro regimento da Polícia de Fronteira a que faziam parte os dois policiais mortos pelas Forças Armadas sul-africanas, para confortar os colegas e informar que o incidente vai ser esclarecido, o mais breve possível.

O dirigente garantiu que o incidente já está a ter o devido seguimento, através de vias diplomáticas e de cooperação entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique e a contraparte sul-africana.
Depois de depositar uma coroa de flores em homenagem aos dois agentes mortos na linha de fronteira entre Moçambique e África do Sul, no posto fronteiriço denominado “Marco 13”, local de incidente, Rafael dirigiu-se, sábado, ao quartel da Polícia de Fronteira, na localidade da Ponta de Ouro, para interagir com os agentes policiais.
“Havemos de esclarecer, porque é nossa obrigação. O problema não está do nosso lado. Quem tem que esclarecer, devidamente, são os outros [sul-africanos]. Se fosse do nosso lado, já teríamos uma informação exaustiva sobre o que, na verdade, aconteceu. Mas, deste lado, fomos colhidos com as mortes, com a violação. Esperemos, pacientemente, até que eles expliquem o que aconteceu, por que violaram a fronteira e por que usaram arma de fogo no nosso território”, referiu, citado pela AIM.
Estava previsto que uma delegação sul-africana viajasse para Moçambique na semana finda. Entretanto, como explicou Rafael, a Polícia tinha uma missão delicada, a de cobrir a Cimeira de Negócios Estados Unidos-África, que impossibilitou um encontro nesse sentido, dado que “todos estavam envolvidos” na garantia da ordem e segurança públicas para que a reunião decorresse normalmente.
Ademais, a preocupação pela realização das cerimónias fúnebres dos dois agentes também esteve na origem da não realização do encontro.
“Esperamos pela parte sul-africana esta semana. Se eles estiverem prontos para nos comunicar o que aconteceu, nós estamos prontos para ouvir e, depois, comunicar aos moçambicanos o que aconteceu aos seus filhos”, disse, apelando à calma, serenidade e a uma contínua protecção da fronteira.
“Continuem a ser a Polícia de Fronteira que Moçambique formou, sem deixar a violação da fronteira. A missão continua a mesma: continuar com firmeza para que a nossa fronteira não seja violada. Estamos preocupados com as violações. Continuem a servir, fielmente, à vossa pátria. Continuem a se entregar com todas as energias para que a nossa fronteira encontre sossego”, encorajou.

Matutuine solicitada a controlar a fronteira com África do Sul

O comandante-geral da Polícia, Bernardino Rafael, pede a colaboração da população de Matutuine, distrito da província de Maputo, no controlo da fronteira com a África do Sul.

O pedido decorre de um encontro, que o comandante-geral manteve, sábado, com a população do distrito, num comício realizado em Bela-vista, a sede distrital, no prosseguimento das visitas, que tem vindo a efectuar ao longo das regiões fronteiriças do país.
“Além da Polícia de Fronteira, nós, todos, somos policiais. Temos de vigiar a nossa fronteira, para não ser violada, porque a violação da fronteira é proibida e é um crime. Não se pode deixar ninguém, que viole a fronteira para o nosso lado, sob o risco de trazer coisas más. Aquilo que faz parte da fronteira não é só da Polícia, é responsabilidade, também, das comunidades. Não deixem ninguém violar a nossa fronteira”, apelou, segundo a AIM.
A escalada de Bernardino Rafael ao distrito de Matutuine já estava programada, dado que a actividade consta do plano de visitas às subunidades policiais. Entretanto, não era para já. A deslocação do comandante-geral àquele local precipitou-se pelo incidente de 16 de Junho corrente, em que dois agentes de Polícia de Fronteira foram mortos por militares sul-africanos, por razões ainda desconhecidas.
Logo após a chegada à vila de Belavista, o dirigente reuniu-se com as autoridades distritais, lideradas pelo respectivo administrador distrital, Artur Rodrigues.
Na ocasião, Rafael ficou informado sobre como as comunidades lidam com os problemas de vária ordem, como o roubo de gado. Continua a haver casos de roubo de gado, em Matutuine, que, por conseguinte, é transferido para a vizinha África do sul.
O comandante-geral soube que os supostos ladrões de gado criam curais de trânsito próximo da fronteira. Desses curais, pelo menos dois foram identificados e desmantelados.
“Informaram que passam algumas viaturas roubadas na África do sul, mas que alguns sul-africanos simulam roubo de viaturas, depois atravessam para Moçambique, vendem e regressam à África do Sul, onde reclamam seguros e depois recebem dinheiro de indemnização. Não aceitem comprar viaturas nesses termos”, instruiu.
A necessidade de protecção dos recursos marinhos, faunísticos e florestais também esteve no centro das atenções, no encontro entre o responsável da PRM e a população.
Tem havido casos de contrabando desses recursos para a África do Sul, incluindo espécies protegidas na Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro, a única área de Conservação Transfronteiriça Marinha do continente africano e na Reserva Especial de Maputo, também, localizada no distrito de Matutuine.
“Sejam vigilantes contra aqueles, que tiram o nosso produto nas águas do mar. Tiram espécies proibidas de peixe, para outros países. Não deixem as pessoas com as armas andarem a dizimar animais na Reserva Especial de Maputo. Devem ser denunciados, os que têm as armas em casa, porque estão a estragar a riqueza do nosso país”, apelou.

 

    Fonte:Jornal Notícias

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