OPRESIDENTE sul-africano, Cyril Ramaphosa, apelou ontem ao seu antecessor Jacob Zuma a reconsiderar as críticas à Justiça do país e a depor perante a comissão que investiga a alegada corrupção generalizada no seu mandato.
“O ex-Presidente manifestou a sua opinião e o que pensa, tenho a certeza que vai reflectir mais sobre este assunto porque está a ser aconselhado por várias pessoas de diferentes organizações”, disse, em Joanesburgo, o Chefe de Estado sul-africano.
Ramaphosa, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder, comentava ontem, pela primeira vez, as críticas do ex-Presidente Zuma dirigidas na segunda-feira à comissão de investigação, presidida pelo juiz Raymond Zondo, e ao Tribunal Constitucional da África do Sul, a mais alta instância judicial do país.
Cyril Ramaphosa referiu ainda que os apelos feitos esta semana por altos membros do partido para a suspensão de Zuma da direcção do partido governante “não são um assunto que esteja a ser considerado pelo ANC”.
MALENA TOMA CHÁ COM ZUMA
Jacob Zuma recebeu ontem na sua residência em Nkandla, localidade rural no interior do KwaZulu-Natal, o antigo líder da Liga da Juventude do ANC e actual líder do partido de oposição Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês), de extrema esquerda, Julius Malema.
Malema deslocou-se de helicóptero acompanhado pelo presidente nacional do partido, o advogado Dali Mpofu; o porta-voz nacional, Vuyani Pambo; e o edil de Ekurhuleni, Mazwandile Masina, que intermediou o encontro entre Malema e Zuma, segundo a imprensa local.
“Foi um encontro para tomar chá com o ex-Presidente. Nós, os negros, não precisamos de autorização para nos encontrarmos, reunimos quando queremos e em qualquer lugar, é o nosso direito constitucional e viemos aqui para tomar chá com o ex-Presidente”, afirmou Vuyani Pambi no final da reunião de quatro horas, em Nkandla.
Na segunda-feira, o ex-Chefe de Estado sul-africano disse que prefere ser preso a cooperar com a chamada Comissão Zondo.
Zuma sublinhou que o Tribunal Constitucional se encontra “politizado”, comparando a mais alta instituição de Justiça no país ao antigo regime do “apartheid”.
Em 28 de Janeiro, o Tribunal Constitucional ordenou que o ex-Presidente testemunhasse perante a Comissão Zondo sobre suspeitas de corrupção generalizada durante o período em que foi Chefe de Estado do país (2009-2018).- (LUSA)
Fonte:Jornal Notícias