“É preciso que se encontre meio termo para que jogadores e clubes não saiam prejudicados

Uma comissão técnica, constituída por elementos da Federação Moçambicana de Futebol, Liga Moçambicana de Futebol, Sindicato Nacional de Jogadores de Futebol e Associação de Futebol da Cidade de Maputo e Comissão Nacional de Árbitros de Futebol   deverá reunir com a Ministra do Trabalho e Segurança Social, Margarida Talapa,  para abordar questões contratuais entre os clubes e atletas, num  período em que pandemia do Covid-19 forçou o cancelamento de todas actividades desportivas no país.

 

Lá fora, houve  grande pressão e…resistência numa primeira abordagem. Depois, a  velocidade  de propagação e o  aumento da taxa de letalidade do coronavírus e a “nova ordem mundial estabelecida” pela pandemia, agudizou as incertezas quanto ao regresso das competições. Faz-se de tudo para achatar a curva do coronavírus no meio de muitas dúvidas no mundo do desporto.  E, com as incertezas, veio o  anúncio de enormes prejuízos acumulados pelos clubes e a cedência de vedetas mundiais que aceitaram reduzir os seus salários.

Salvo as gritantes diferenças entre realidades, cá na aldeia, com todas as competições desportivas suspensas, os clubes vivem actualmente na incerteza de como irão pagar salários aos atletas asim como proceder a extensão dos repectivos  contratos caso haja mudança de epóca, e a mesma se estenda até 2021.

O Sindicato Nacional dos Jogadores de Futebol, uma das agremiações que integra a equipa criada pela Federação Moçambicana de Futebol para encontrar soluções para os problemas possam advir , reconhece a legitimidade das preocupações apresentadas pelos clubes, mas defende soluções que satisfaçam as duas partes.

“Eu creio que, eseencialmente, este grupo e, sobretudo, a audiência que solicitou a sua excelência ministra do Trabalho e Segurança Social, é para lidar com matérias ligadas a questões laborais.  Este é que é o ponto essencial com o Governo. Mas acredito que o grupo poderá seguir outros objectivos de trabalho que são claramente importantes de se debater e de se acautelar”, começou por dizer António Gravata, presidente do Sindicato Nacional de Jogadores de Futebol.

Bom senso. Meio termo para que se  salvaguarde os interesses dos clubes e dos próprios jogadores. É o que recomenda, nesta altura de grande pressão e sensibilidade, o Sindicato Nacional dos Jogadores de Futebol. Nem os clubes muito menos os jogadores devem sair prejudicados neste período em que a Covid-19 está a condicionar o mundo.

“Os aspectos de natureza contratual serão muito importantes porque, se formos a reparar, o que se diz ou se propala é esta necessidade de suprimir, cortar ou rescindir os contratos laborais face à pandemia. Agora, é preciso acautelar em que condições esta mesma supressão ou rescisão de contratos devem ser feitos. São aspectos extremamente importantes. Eu creio que isso não deve ser prioridade. É preciso, primeiro, fazer uma avaliação do que está a acontecer. É preciso ver os prós e contras. É preciso ver em que medida o corte deve ser efectuado, isto se a realidade mostrar que é imperioso que se faça.  O primeiro ponto ou primeira medida, para nós, é a manutenção do pagamento ou cumprimento dos contratos”, observou.

Mas mais do que defender a classe dos jogadores, o SNJF mostra-se sensível à saúde financeira dos clubes, sobretudo, neste momento em que não  há bola a rolar os relvados, não há mola a rolar advindo das bilheteiras e compromissos com patrocinadores ficam “pendentes”.

“Naturalmente, em função da evolução da pandemia e, porque também não somos insensíveis a outra parte que é do empregador no que diz respeito às condições financeiras, temos igualmente que olhar e fazer uma avaliação que não prejudique quer o empregador quer o próprio jogador. Estamos com expectativas em relação a este encontro do grupo de trabalho para podermos ver como avançamos”, frisou.  E acrescentou: “Naturalmente, agora é prematuro e não creio que se deva falar de corte salarial porque há aqui orientações, sobretudo, aquelas que são emanadas pelas autoridades competentes ao nível do Estado. Já vimos o pronunciamento de sua excelência o presidente da República, Filipe Nyusi, a fazer referência a algumas medidas. Estas medidas, feliz ou infelizmente, abarcaram o lado dos jogadores profissionais mas há outras actividades que continuam em funcionamento ainda que de forma condicionada”.

António Gravata alerta para necessidade de se “avaliar até que ponto a paragem vai obedecer a um período maior do que este”.    Até porque, refere o presidente do Sindicato Nacional de Jogadores de Futebol, “pode ser, e oxalá que até ao dia 30 conforme foi dito e que está plasmado no Decreto Presidencial, possamos ter a situação controlada. Isto seria ouro sobre azul. E, em função disso, far-se-ia a marcação de uma data para o arranque do campeonato”.

É justo que os clubes coloquem a questão de extensão dos contratos dos jogadores?
Penso que seria justo. É por isso que digo que seria prematuro os clubes avançarem com a ideia de rescisões  contratuais ou cortes salariais. Agora, numa situação destas e porque o tempo está a estender-se, creio que seja possível a prorrogação dos contratos. É neste tipo de incidências na qual a extensão dos contratos faz parte e nós temos que estar preparados para assumir. Não podemos, de um lado, estar a exigir que se cumpra com aquilo que está estabelecido no contrato quando no final do dia a temporada prolongar-se para além do contrato e os jogadores não estarem a acomodar esta preocupação dos clubes. Há um meio termo que se deve encontrar para que os clubes, jogadores e treinadores não fiquem prejudicados. É por isso que tenho que felicitar a direcção da Federação Moçambicana de Futebol por ter criado este grupo de trabalho e, acima de tudo, por incluir vários actores do futebol. Eu penso que mais actores deviam integrar o grupo, por exemplo, o Sindicato dos Treinadores de Futebol. Mas eu etendo, até porque uma  das condições para realização deste encontro foi o número de pessoas que pudessem estar inclusas no grupo de trabalho. Portanto, devia ser um grupo reduzido.  É uma medida que vemos com bons olhos. Estamos a falar de situações que temos que acomodar, caso elas surjam porque são decorrentes de condições que não estão no controlo de qualquer uma das entidades. É dentro das cedências que cada uma das partes pode e deve fazer para acomodar os interesses, sobretudo, do futebol. Eu creio que, na necessidade de se fazer esta extensão dos contratos, há condições pelo menos da parte do Sindicato de Jogadores de Futebol. Naturalmente, vai-se discutir os termos e condições em que essa extensão vai ser feita para que, de facto, se possa acomodar aquilo que serão os cenários de provas que se afigurarem praticáveis nessa altura.

O Gabinete Técnico da Federação Moçambicana de Futebol apresentou três propostas para a temporada, face à pandemia do novo coronavírus. Uma delas passa por ajustar o calendário com a realidade de outros países, conforme as recomendações da Confederação Africana de Futebol…

É uma situação delicada, porque estamos a juntar dois aspectos um pouco diferentes. Primeiro é a natureza da paragem que estamos a enfrentar. Se só a mudança de calendário já era um problema grande ao nível interno, até porque não reúne consenso, em função de várias vicissitudes, esta pandemia veio agudizar ainda mais esta questão de consenso. Agora, é verdade que há imposições de fora de entidades que gerem o futebol ao nível mundial para se adequar aquilo que tem sido prática ao nível de África e Europa. Mas nós também as nossas especificidades. É preciso observar isso. Houve uma primeira tentativa de mudança do período de época. Temos que buscar esta experiência e ver a razão da mudança que é sobejamente conhecida. Temos que ver o que falhou e, acima de tudo, por que se decidiu voltar ao figurino anterior. Temos que ver o que é possivel e como podemos fazer para que, as coisas que eventualmente contribuíram para que se falhássemos este objectivo, não voltem a concorrer para o fracasso  agora e possamos progredir. É trabalho muito grande que deve ser feito e não deve so incluir a direcção ou gabinete técnico da FMF.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte:O País

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