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O Governo moçambicano acusa o candidato presidencial Venâncio António Bila Mondlane de ser o autor moral das manifestações violentas que, na semana finda, tomaram conta do país, com destaque para as cidades de Maputo e Matola, e que culminaram com a morte de pelo menos 11 pessoas, dezenas de feridos (incluindo agentes da Polícia) e destruição de diversas infra-estruturas públicas e privadas, incluindo esquadras da Polícia e sedes do partido Frelimo, em quase todo país.

 

A acusação foi feita hoje pelo Ministro do Interior, Pascoal Ronda, quase 24 horas depois de a Polícia da República de Moçambique (PRM), através do Comando-Geral, ter anunciado a instauração de um processo criminal contra Venâncio Mondlane, apesar de a competência para o efeito estar reservada ao Ministério Público.

 

“O Venâncio Mondlane é o autor moral destas manifestações. Ele é quem move com isto. Ele agora não está aqui, está na África do Sul, mas de lá comanda, usa as redes sociais e que nós, como usuários das redes sociais, não poderíamos permitir isso, porque manipula a opinião pública e causa destruições. Há muita família que está a chorar pelos danos que são causados”, afirmou o governante, questionando quem ganha com as manifestações.

 

Falando em conferência de imprensa concedida na tarde desta terça-feira, Pascoal Ronda disse já existirem “expedientes” para responsabilizar Venâncio Mondlane pelos actos de violência e milhares de jovens que aderiram às manifestações populares, convocadas pelo político com objectivo de contestar os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe.

 

“O Ministério Público já tem expedientes lavrados relativos aos autores morais e materiais e que devem, por lei, responder pelos seus actos”, garantiu, sublinhando que as Forças de Defesa e Segurança vão continuar a cumprir com a sua missão “para que a livre circulação de pessoas e bens continue sendo uma regularidade em nosso país”.

 

O governante sublinhou que o terror causado pelas marchas “é imperdoável”. “Aqui muitos jovens foram arrastados por vozes de pessoas que são autores morais deste problema. A factura que resulta dos danos a quem é que vai?”, questionou.

 

Ronda diz condenar as manifestações violentas e também a suposta instrumentalização de jovens e crianças porque, “como se sabe, nada se constrói se não se destrói aquilo que, por muito tempo, custou suor às pessoas, custou impostos das pessoas”. Por isso, apela a não adesão às manifestações “porque em nada ajudam”.

 

Na sua comunicação, o Ministro do Interior não teceu quaisquer comentários à actuação da Polícia, tida como co-responsável pela escalada da violência no país, sobretudo nos maiores centros urbanos.

 

Lembre-se que a Polícia, através da Unidade de Intervenção Rápida, foi a responsável pelos actos de violência assistidos na segunda-feira passada, na Cidade de Maputo, após disparar gás lacrimogénio para os manifestantes, como forma de impedir a marcha de repúdio ao assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe. Uma das botijas de gás foi atirada aos jornalistas quando entrevistavam o candidato presidencial Venâncio Mondlane.

 

Igualmente, a Polícia foi considerada responsável pelos tumultos testemunhados no distrito de Mecanhelas, província do Niassa, ocorridos no sábado e que resultaram em um morto e cinco feridos. Em quase todo país, a Polícia foi acusada de disparar balas verdadeiras contra os manifestantes, para além de realizar detenções arbitrárias. (Carta)

Fonte: Carta de Moçambique

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