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Atrasaram 24 horas, mas já são conhecidas as novas medidas a serem implementadas na terceira fase das manifestações populares, convocadas há duas semanas pelo candidato Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe. A nova fase, que inicia esta quinta-feira, 31 de Outubro de 2024, deverá durar uma semana e o objectivo final é a ocupação das ruas da capital do país, no dia 07 de Novembro.

 

Em mais uma comunicação virtual proferida na noite desta terça-feira, na sua página oficial do facebook, após “graves e profundos problemas técnicos” registados na segunda-feira, Mondlane afirmou que “o nosso lema [nesta fase] será a manifestação contra o assassinato do povo moçambicano”, em repúdio à violência policial assistida no distrito de Mecanhelas, no Niassa, no passado sábado, em que uma pessoa foi morta e outras cinco ficaram feridas com balas da Polícia, perante aplausos dos membros e simpatizantes do partido Frelimo.

 

Segundo Venâncio Mondlane, os moçambicanos devem unir-se para combater “o regime assassino da Frelimo” que, nas suas palavras, faz recordar o regime colonial português que, com recurso à força, tirou a vida de moçambicanos indefesos quando estes buscavam a sua liberdade. Aliás, Mondlane compara o que aconteceu em Mecanhelas com os massacres de Mueda e de Wiriyamu, ocorridos em 1960 e 1972, respectivamente.

 

Na sua comunicação virtual de quase 44 minutos, transmitida em directo no facebook, seu principal veículo de comunicação, Mondlane acusou o Presidente da República de estar a carimbar o assassinato de cidadãos indefesos ao não condenar as acções brutais da Polícia e o comportamento dos membros do seu partido, no Niassa.

 

“Significa que o próprio Presidente perdeu a noção de quais são as suas obrigações, enquanto Chefe de Estado. Veio carimbar que, de facto, é um regime de assassinos, de mafiosos, de criminosos”, atirou Mondlane, que continua a convocar as manifestações a partir da “parte incerta”.

 

Mondlane explica que a nova manifestação será dividida em dois grupos, sendo que um terá a responsabilidade de marchar em direcção à Cidade de Maputo (no caso dos que se encontram fora da capital do país), enquanto os que não puderem marchar, deverão se manifestar junto às Comissões Distritais de Eleições e junto às sedes distritais do partido Frelimo.

 

Em Maputo, Venâncio Mondlane espera ver perto de quatro milhões de pessoas, no dia 07 de Novembro, provenientes das diferentes províncias do país. “Chega de massacrar o nosso povo. Chega de insensíveis. (…) Chegou a hora de cada um fazer alguma coisa por Moçambique. (…) Não vão ser os estrangeiros que vão libertar a pátria”, disse, pedindo mais uma semana de sacrifício aos moçambicanos.

 

Refira-se que Venâncio António Bila Mondlane promete 25 dias de terror ao governo da Frelimo, em homenagem às 25 balas descarregadas sobre Elvino Dias e Paulo Guambe. Até ao momento, o país já esteve paralisado três dias, dos quais, dois consecutivos, com as consequências ainda a se fazer sentir até hoje.

 

Dos três dias de manifestações, pelo menos 10 pessoas foram assassinadas pela Polícia, de um total de 73 alvejadas, de acordo com os dados da Ordem dos Médicos de Moçambique. Diversas infra-estruturas públicas e privadas foram destruídas, incluindo sedes da Frelimo e esquadras da Polícia. Aliás, a Polícia disse ter aberto um processo criminal contra o político, devido aos actos verificados em Chalaua, em Nampula, onde seguidores do político incendiaram uma esquadra, viaturas e apoderaram-se de uma arma de fogo. (Carta)

Fonte: Carta de Moçambique

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