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EXPLORAÇÃO DA LINHA FÉRREA DE SENA: Saída da Vale gera perdas para os CFM

A saída das mercadorias da companhia Vale da linha férrea de Sena vai resultar no desvio de metade da carga actualmente escoada por aquela via, com impacto económico de 45 milhões de dólares americanos na receita anual da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM).

O facto foi reconhecido ontem pelo director executivo dos CFM-Centro, Augusto Abudo, em declarações à Rádio Moçambique.

Em princípios de Dezembro último, a Vale, concessionária das minas carboníferas de Moatize, anunciou que vai deixar de usar a linha de Sena e o Porto da Beira para exportar carvão,com efeitos a partir deste ano, passando a concentrar as operações no corredor logístico de Nacala.

A companhia pretende aumentar os volumes de escoamento de 12 milhões de toneladas de carvão registados no ano passado para cerca de 17 ou 18 milhões de toneladas este ano, volumes que, no entender daquela companhia, podem ser muito bem acomodados no corredor logístico de Nacala.

A linha de Sena e o terminal de carvão do Porto da Beira têm uma capacidade para escoar cerca de 20 milhões de toneladas, contudo, o canal de acesso portuário só pode acomodar navios de até 40 mil toneladas.

Em contrapartida, o Porto de Águas Profundas de Nacala-a-Velha recebe navios com capacidade de até 180 mil toneladas, sendo mais vantajoso para a Vale.

Indicou que o maior desafio na operacionalização da linha de Sena passa por encontrar outros clientes para suprir o défice deixado pela Vale.

“Perdemos um grande fornecedor de mercadoria nesta ferrovia, então a nossa obrigação é fazer esforço para recuperarmos outros clientes, daí que as áreas comerciais e operacionais estão a trabalhar nesse sentido. A empresa também está avaliar a possível reactivação da linha da Vila Nova de Fronteira, que faz a conexão com o Malawi na tentativa de conseguir mais utilizadores”, indicou.

Ainda no centro, Augusto Abudo falou do projecto da reabilitação da linha de Machipanda, tendo explicado que, neste momento, está em análise o processo de adjudicação do financiador das obras, no quadro de um concurso lançado para o efeito.

Abudo explicou ainda que noutra fase será lançado o concurso para a identificação do empreiteiro que irá executar as obras, um processo inicialmente previsto para o terceiro ou quarto trimestre deste ano.

Avaliações feitas apontam que a reabilitação da linha de Machipanda que liga Beira e o Zimbabwe poderá custar, no mínimo, 150 milhões de dólares norte-americanos.

A capacidade da linha de Machipanda é de um milhão e meio de toneladas, mas os volumes transportados actualmente, devido à situação económica do Zimbabwe, têm sido na ordem de 200 mil toneladas.

Para este ano, a empresa fez um plano para transportar 400 mil toneladas.

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/economia/75282-exploracao-da-linha-ferrea-de-sena-saida-da-vale-gera-perdas-para-os-cfm.html