A equipa da plataforma KUGOMA, Fórum de Cinema de Curta-metragem, em Moçambique, está preocupada com a falta de um fundo de apoio à produção cinematográfica. O facto foi observado durante o balanço do primeiro bloco de sessões KUGOMA Escolas 2015, que terminou no fim de Maio.

Com efeito, a situação justifica a ausência, quase total, da produção de filmes moçambicanos, particularmente com conteúdos destinados à crianças. Diana Manhiça, coordenadora do KUGOMA, avança que mesmo assim o fórum continua com o programa KUGOMA Escolas 2015, cujo 2º e 3º blocos acontecem no segundo semestre.

“O primeiro foi o bloco de filmes que exibimos no 1º semestre, cujas sessões terminaram no dia 30 de Maio. Teve como espinha dorsal a série latino-americana “Senha Verde” cedida pelos nossos parceiros do Goethe Institut de Buenos Aires e que encaramos como um exemplo de conteúdos infantis que poderíamos replicar ao nível regional, isto falando de documentários. Quanto aos filmes de produção nacional voltámos a exibir “Os Pestinhas”, porque não há filmes novos para exibir”.

De acordo com Manhiça as televisões nacionais apreciam o programa KUGOMA Escolas tanto que, algumas, já nos solicitaram estes conteúdos para exibição. Um dos desejos do KUGOMA é produzir os próprios filmes para apresentar e assim contribuir para a produção de obras cinematográficas em Moçambique, caracterizada por ser extremamente fraca.

“A ausência de um fundo de cinema faz com que não haja recursos para a produção de filmes, mas aqueles que são produzidos não são feitos para crianças”.

Embora se reconheçam as dificuldades, a coordenadora revela que o KUGOMA está a trabalhar com vista a inverter o cenário.

“O KUGOMA está a advogar para a criação de um fundo específico para o cinema infanto-juvenil. Mas até agora não existem respostas encorajadoras”.

No entanto, mesmo com os problemas observados as actividades do fórum não param e os subsequentes blocos KUGOMA Escolas acontecem no segundo semestre .

“Em Julho vamos exibir a Maratona Kids que inclui, entre outros, o Programa Internacional – uma curadoria da nossa colaboradora convidada Marguerite Seidel, que desde 2013 desenvolve actividades connosco; a selecção MONSTRA 2015, com a presença do Fernando Galrito; um conjunto de animações africanas e filmes da série “Consciente Colectivo”; uma série brasileira de animação stopmotion em papel, produzida pela Giroscópio para o Canal Futura que, muito gentilmente, autoriza a sua exibição não comercial”.

De todos os modos, “é o título da série que transmite a nossa motivação. Pretendemos com estes filmes debater alguns conceitos relacionados com as mudanças climáticas sobre os quais os miúdos tanto ouvem falar, mas nem sempre detalhadamente”.

KUGOMA Escolas surgiu em 2014 e resulta de uma realidade constatada nas sessões KUGOMA nos Bairros, desde 2010. “Nestas sessões, a grande maioria do público é infantil. E para o mesmo houve necessidade de programar e pensar em conteúdos e actividades específicas. Por exemplo, em 2012 houve uma Oficina de Sombras Chinesas – que este ano será retomada noutro modelo”.

Desde então, o fórum desenvolve uma secção do KUGOMA voltada para o desenvolvimento de uma Literacia Audiovisual desde o Ensino Primário e, por isso, inclui actividades com estudantes desse ciclo, mas também, com os seus docentes e futuros professores, um percurso orgânico e que está em desenvolvimento.

Este ano, o tema dominante do KUGOMA Escolas está ligado ao meio ambiente tudo porque há muitas questões globais e urgentes que passam pelo conhecimento de conceitos e realidades relacionadas com o Desenvolvimento Sustentável do Planeta.

A opção não significa que o programa do KUGOMA é exclusivamente pensado para o Ambiente. É um tema que norteou a curadoria, principalmente, da programação infantil. O tema permitiu também, estabelecer novas parcerias com festivais de cinema ambiental de todo o mundo e aprender das suas experiências.

@Verdade – Cultura

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