Governo autorizou menos projectos de investimento nos últimos 5 anos  

Há cinco anos que o volume de investimentos em Moçambique tem vindo a cair a pique. Entre 2016 a 2017, a redução foi na ordem de um bilião de dólares norte-americanos.

O volume do investimento autorizado em 2017, pelo Executivo de Felipe Nyusi, caiu para USD 2,1 biliões, contra USD 3,1 mil milhões do montante registado no exercício económico do ano anterior.

No ano passado, o Governo autorizou um total de 267 novos projectos de investimento, menos 64 que em 2016, indica a Conta Geral do Estado (CGE) referente a 2017, a que O país teve acesso.

De referir, que há cinco anos que o volume de investimentos em Moçambique tem vindo a cair a pique, com destaque para 2016, ano do início da crise económica precipitada pelo escândalo da dívida pública.

No entender dos analistas económicos da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, acrónimo em inglês), o pacote de austeridade e os incumprimentos do serviço da dívida externa comercial dos controversos empréstimos da EMATUM, ProIndicus e MAM, no valor de mais de dois biliões de dólares norte-americanos, figuram comos as principais causas deste menor fluxo de investimento na chamada “Pérola do Índico”.

Concretamente, os investimentos significativos que entraram no país em 2017 foram apenas a compra por parte da empresa norte-americana Exxon Mobil, de 35,7% da participação da petrolífera italiana ENI East Africa, no projecto de gás natural da Área 4 da Bacia do Rovuma.

Paralelamente, há que destacar, igualmente, a aquisição que o grupo japonês Mitsui na compra uma parte das participação que a mineradora brasileira Vale, na mina de carvão mineral de Moatize, em Tete, e no estratégico Corredor Logístico de Nacala (CLN).

Contudo, e face à desaceleração do volume de investimentos, o país agudizará a crise de liquidez, alimentada por uma dívida pública elevada e pelo congelamento das ajudas externas ao Orçamento do Estado (OE) desde Abril de 2016, destabilizando, deste modo, a economia moçambicana.

Mesmo com a intenção do Executivo de Maputo em reestruturar a dívida pública, cujo saldo no fecho de 2017 situara-se nos mais de 661,3 biliões de meticais, de acordo com a CGE referente aquele ano, os especialistas da Economist Intelligence Unit (EIU), os fluxos de capital, em particular, o Investimento Directo Estrangeiro (IDE), irão demorar algum tempo para recuperar os níveis dos valores registados no passado recente.

Por isso, o Governo vai procurar “apertar” a política fiscal e a monetária, numa tentativa de restaurar o relacionamento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e dar uma resposta ao problema de liquidez.

“Mas essa operação deverá ter pouco impacto, devido às resistências que irão ser levantadas tanto pela classe política como pelos eleitores (Autárquicas de 2018 e eleições gerais de 2019)”, afirmam os especialistas da EIU.

Há ainda o menor crescimento da economia chinesa e um mercado de petróleo e de gás natural (no qual o Governo moçambicano deposita muitas expectativas) com excesso de oferta, que fará com que os países asiáticos não tenham grande vontade de investir em Moçambique.

O EIU acrescentando, por outro lado, que a taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) deverá manter a tendência de desaceleração neste 2018, tal como no ano anterior, devido à fraca procura interna e uma redução do investimento, embora haja sinais de recuperação para os anos seguintes, à medida que a confiança dos empresários se fortaleça.

 

Fonte:O País

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *