AS grandes e recentes chuvas vieram, uma vez mais, mostrar as consequências de decisões tomadas sem muita ponderação. Quintais alagados e casas emergindo, quão baleias em busca de ar.

A corrida para ter casa própria ganhou grande impulso nos últimos anos nas cidades de Maputo, Matola, e nos distritos de Boane e Marracuene, pressionando os espaços disponíveis e levando algumas pessoas a fixar-see locais impróprios.

A legalidade de algumas dessas ocupações sustenta-se no DUAT – Direito do Uso e Aproveitamento de Terra – atribuído pelas autoridades municipais ou distritais. Mas muitas surgem da ganância das estruturas locais, secretários dos bairros, chefes de quarteirõese outras. Há ainda ocupações que são da iniciativa “consciente” do indivíduo, que ergue a casa em local proibido para tal.

Entretanto, nestas últimas duas situações,as autoridades municipais ou distritais poderiam corrigir o malsetivessem uma fiscalização mais actuante.

Áreas como Minguene e Mapulene, na Costa do Sol, na cidade de Maputo, para além dos bairros Nkobe, Machava e Liberdade, na Matola, e Ricathla, em Marracuene, ganharam novas habitações.

Devido às chuvas, os residentes destes bairros vivem literalmente dentro de água, sendo que algumas pessoas se socorrem de tábuas ou mergulham os pés descalços para entrar ou sair das suas residências.

Adriano Justino, jovem de 30 anos de idade com deficiência física, vive em Mapulene há mais de uma década. Conseguiu algum valor, comprou o terreno e construiu a casa do tipo zero, sem saber o que o futuro lhe reservava. O espaço adquirido situa-se numa zona baixa e hoje está na água.

“Os vizinhos oferecem-me comida, caso contrário passo fome, pois não consigo sair de casa devido às inundações”, contou.

Olívia Mabasso, também residente em Mapulene há 16 anos, disse que a torneira de água, a casa de banho e as tomadas de corrente eléctrica ficaram submersas, pelo que a família depende de terceiros para ter estes serviços.

Evaristo Filipe, outro residente da área, disse que a família juntou blocos para pôr a cama e electrodomésticos mais em cima, uma vez que todo soalho está alagado.

Alguns moradores tentaram abrir caminhos para a passagem da água, mas sem sucesso, pois a zona é baixa. Leia mais

Fonte:Jornal Notícias

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