O GABINETE de Conservação da Ilha de Moçambique (GACIM) está a trabalhar na reabilitação e conservação de um conjunto de casas danificadas na “Cidade de Macuti”, Ilha de Moçambique.

Aacção surge nos esforços de preservação desta parte que integra o conjunto classificado doespólio cultural tangível da Ilha de Moçambique, elevada em 1991, pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) à patrimónioda humanidade.

No arranque do projecto serãocompletamente intervencionadas dez casas numa acção financiada pelaComissão Alemã para a UNESCO, em parceria com a sua congénere canadianaatravésdo programa “SOSAFRICAN Heritage2021”.

Designado“Educação patrimonial e construção participativa na Cidade de Macuti-Ilha de Moçambique”,o projectoconta com o apoio da Comissão Nacional para a UNESCO-Moçambique (CNUM).

Está inclusauma sensibilização aos habitantes da “Cidade de Macuti” para que tenham consciência da importância artística, arquitectónica, patrimonial e cultural desta área habitacional de modo aprotegê-la com afinco.

Aacção deriva da constatação de que esta zona, composta por oito bairros, nos quais haviam cerca de 400 casas cobertas de macuti, está em acelerada mudança com a maior parte das casas a serem substituídas por chapas de zinco no lugar do macuti ou macarazi.

No lançamento ontem do projecto, Élia Bila, secretária-geral da CNUM, destacou o facto de Moçambique, enquanto membro da UNESCO, ter que criar condições para a salvaguarda deste património,assegurando a sua identificação, protecção, conservação,valorizaçãoe transmissão às gerações futuras.

Anotou que, a execução deste projecto na “Cidade de Macuti”, o histórico “pulmão”da Ilha de Moçambique,deve constituir motivo de orgulho “não só para todos nós, como para aqueles que sempre destacaram a necessidade de alinhamento entre a dimensão patrimonial material e a componente humana”, disse Élia Bila.

“Queremos acreditar que, mais do que a reabilitação de infra-estruturas patrimoniais-físicas da Cidade de Macuti, com esta iniciativa será também valorizado o Homem, com o desenvolvimento das suas habilidades e competências, na gestão do património presente no seu espaço e habitat”, comentou a secretária-geral da Comissão Nacional para a UNESCO-Moçambique.

De acordo com Adelina Dulce Tavares, secretária permanente da Ilha, nasce um sentimento de satisfação e esperança, pois apesar do reconhecimento do valor universal da Ilha, muitos desafios ainda se impõem na sua preservação.

Explicou que o Governo de Moçambique e da Ilha de Moçambique têm desencadeado vários esforços nestesentido.“É importante quesaibamos que a “Cidade de Macuti”faz parte do conjunto classificado património mundial e apresenta um rico património devido às suas características arquitectónicas típicas, onde os saberes locais e a primazia pelo uso dos materiais tradicionais são um importante atributo”, explicou.

Espera que a iniciativacontribua paramanutenção da integridade e autenticidade da cidade,onde todos são chamados adivulgar  mensagens de boas práticas nacomunidade.

Por seu turno, Cláudio Zunguene refere queprojecto foi elaborado pelo GACIM, por si dirigido, em coordenação com a Comissão Nacional para UNESCO Moçambique, e concorreram para 83 iniciativasde 33 países africanos que têm bens do património mundial, sendo que apenas dozeforam financiadose acandidatura levou dez dias.

“Aideia inicial era financiar apenas sete casas, mas conseguimos negociar para 10. Uma das coisas que eles procuraram saber é como as casas foram seleccionadas”, explicou, referindo que estafoia parte mais difícildevido à necessidade de convencer o financiador.

A primeira fase da iniciativa foi reunir com os proprietários das casas para assinarem uma declaração de compromisso eaceitar a intervenção nas suas residências.“A implementação com sucesso destainiciativaabrirá espaço para que mais casaspossam ser intervencionadas”, afirmou.

Acrescentou que Jano Paixão, antigo técnico do GACIM, eo arquitecto Reis Naquite,darãouma formação sobre aconservação dascasas.

Fonte:Jornal Notícias

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *