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Imprensa cada vez mais “encurralada” em Moçambique

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Está cada vez mais difícil ser jornalista em Moçambique. Esta é a conclusão que se tira do mais recente Relatório do Índice Global sobre a Liberdade de Imprensa, publicado há dias pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras (RFS).

 

De acordo com a organização, Moçambique caiu quatro lugares no Índice Global da Liberdade de Imprensa, ao sair do lugar 104, em 2020, para a posição 108, em 2021, num conjunto de 180 países avaliados.

 

Em termos de pontuação, Moçambique conseguiu 35.39 pontos no ano passado, facto que torna a situação da imprensa moçambicana “difícil”. Em 2020, o país havia somado 33.79 pontos, o que tornava a situação da liberdade de imprensa no país “sensível”.

 

Nas suas avaliações, sublinhe-se, a RSF atribui uma pontuação que varia de 0 a 100, sendo que, de 0 a 15 pontos, a situação da Liberdade de Imprensa é considerada “Boa”, enquanto de 15.01 a 25 pontos, é tida como “relativamente boa”. Já de 25.01 a 35 pontos, classifica-se a situação da liberdade de imprensa como “sensível” e de 35,01 a 55 pontos como “situação difícil”. De 55.01 a 100, está-se perante uma “situação grave”.

 

Entre as razões para a queda do país no referido Índice está o “blackout de informação no norte do país”. A RSF defende ainda ser impossível aceder ao norte do país, sem que se corra o risco de ser preso. Diz ainda que “o apagão de informações não poupa os veículos internacionais, que encontram cada vez mais dificuldades em obter autorizações para abordar esses assuntos”.

 

A expulsão, em Fevereiro de 2021, do jornalista britânico Tom Bowker, editor do portal Zitamar News, é também citada como exemplo da degradação da liberdade de imprensa, em Moçambique. Aliás, a RSF defende que a proibição do retorno de Tom Bowker a Moçambique nos próximos 10 anos é “uma punição de severidade sem precedentes nos últimos anos no sul da África”.

 

Sublinhe-se que Moçambique tem estado a cair no ranking mundial da liberdade de imprensa desde 2018. Nesse ano, o país ocupava a 99ª posição, com 31.12 pontos. Em 2019, passou para o 103º lugar, com 32,66 pontos; e em 2020 passou a ocupar o 104º posto, 33,79 pontos.

 

De acordo com a RSF, pelo quinto ano consecutivo, a Noruega aparece em primeiro lugar, seguida pela Finlândia que também mantém a segunda posição. Já a Suécia ocupa a terceira posição, confirmando-se a “dominação nórdica”.

 

Os piores lugares são ocupados pela Eritreia (180º classificado), Coreia do Norte (179º lugar), Turquemenistão (178ª posição), China (177º lugar) e Djibuti (176º posto).

 

Entre os países africanos, o destaque vai para a Namíbia (24º lugar), Cabo Verde (27º), Gana (30º), África do Sul (32º), Burquina Faso (37º), Botswana (38º) e Senegal (49º), que estão entre os 50 países com melhores condições para se exercer o jornalismo com independência.

 

Refira-se que o Índice Global da Liberdade de Imprensa é uma ferramenta de advocacia, baseada nos princípios da emulação entre os Estados, que tem a finalidade de avaliar a situação da liberdade de informação em 180 países. O relatório é publicado desde 2002 pela organização Repórteres sem Fronteiras.

 

Frisar que o Índice de Democracia referente a 2021, produzido pela Economist Inteligence Unit (EIU), coloca Moçambique na 116ª posição, classificando o país como um “regime autoritário”. O Índice avalia diversos aspectos, entre eles, a liberdades de imprensa. (A. Maolela)

Fonte: Carta de Moçambique