Isabel dos Santos constituída arguida pela Procuradoria-Geral da República de Angola

Três dias após divulgação da investigação jornalística “Luanda Leaks”, Isabel dos Santos foi constituída arguida pela Procuradoria-Geral da República de Angola. A decisão foi anunciada esta quarta-feira pelo Procurador-geral de Angola, Heldér Pitta Grós, durante uma conferência de imprensa em Luanda.

A empresária angolana Isabel dos Santos foi constituída arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.

O Procurador-Geral explicou que o processo de inquérito aberto na sequência de uma denúncia do presidente do conselho de administração da petrolífera, Carlos Saturnino, já foi transformado em processo-crime e algumas pessoas foram constituídas arguidas, nomeadamente a empresária e filha do ex-Presidente angolano Isabel dos Santos; Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol: Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos e presidente do Conselho de Administração do BFA; Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS e Nuno Ribeiro da Cunha, diretor do private banking do EuroBic em Lisboa.

Em causa, explicou o PGR de Angola, estão suspeitas de crimes como branqueamento de capitais, falsificação de documentos, abuso de poder e tráfico de influências.

Segundo o PGR, todos se encontram fora de Angola e, numa primeira fase, serão notificados sobre a sua condição de arguido.

“Neste momento, a preocupação é notificar e fazer com que venham voluntariamente à justiça”, disse o procurador-geral, adiantando que se não conseguir este objectivo a PGR irá recorrer aos “instrumentos legais” ao seu dispor, entre os quais a emissão de mandados de captura internacionais caso a filha do antigo presidente de Angola não se entregue à justiça de forma voluntária.

Sobre estes arguidos, Pitta Grós disse haver suspeitas de que tenham funcionado como testas de ferro para negócios de Isabel dos Santos.
“São pessoas cujos nomes aparecem sim, mas são de fachada, já que as empresas pertencem de facto a Isabel dos Santos”, acrescentou o procurador.

Segundo o procurador angolano, até aqui, Isabel dos Santos não tem cooperado. Na conferência de imprensa realizada em Luanda, Hélder Pitta Grós disse que a empresária nunca mostrou, de forma directa, interesse em colaborar com as autoridades de Luanda, tendo havido apenas indícios de colaboração com a justiça, “mas não passaram disso”.

 

Fonte:O País

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *