Um jovem de 23 anos foi morto a tiro pela polícia, na noite da última sexta-feira, no calor das manifestações, no bairro T3, município da Matola.

Segundo testemunhas, Sílvio José, também conhecido por Bacanias, estava a confraternizar com amigos, numa barraca, quando, no meio da perseguição com manifestantes, três dos quatro agentes não fardados, que lá estavam, dispararam para o alto.

Os três passaram e continuaram a correr, mas o quarto, que tinha “arma nas costas e não estava a disparar”, de repente disparou a uma distância de 20 metros e atingiu a cabeça de Bacanias.

“Quando isso aconteceu, não imaginámos que fosse algo grave, pensámos que fossem aqueles tiros dados para o alto, mas depois vimos que não, ele estava no chão. Fugi porque estava traumatizado, mas, quando voltei, vi o agente aproximar, chutou, percebeu que não se mexia e disse “matámos uma pessoa aqui”, depois entrou no carro e foi embora”, contou um amigo, na condição de anonimato.

Depois disso, com partes da cabeça espalhadas pelo chão, o corpo de Bacanias foi levado ao hospital.

Para seu primo, Armando Chichava, que segurava o atestado de óbito, a acção da polícia foi propositada.

“Aquilo foi queima-roupa, não foi bala perdida. A nossa questão é porque é que isso aconteceu, o que ele fez de tão grave para merecer isso? Será que tirarem a vida dele justifica essa atitude!?”, questinou Armando.

Depois do sucedido, familiares e testemunhas foram à esquadra, apresentaram o caso e a foto do polícia acusado de ter feito o disparo e lá tiveram a confirmação de que, de facto, se tratava de um agente afecto àquela unidade, mas que nada podia ser feito.

De lá a esta parte, o primo, Armando Chichava, explica que ninguém se aproximou para prestar algum apoio ou para explicar que “crime” Bacanias cometeu, e por isso a família exige justiça.

O funeral foi realizado esta terça-feira, num cemitério no Município da Matola, que esteve cheio. Além de hinos fúnebres, cantava-se pelo pedido de justiça e clamava-se pela democracia no país.

Além de Bacanias, naquela sexta-feira, no bairro T3, a polícia fez outras vítimas, como é o caso de um jovem, amigo do malogrado, atingido nas costas por gás lacrimogéneo.

Fonte:O País

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