Nova obra de Patraquim chega ao mercado no início do próximo mês
A editora Kapulana continua a confortar os leitores brasileiros com literatura moçambicana – e cada vez mais. Depois Lica Sebastião, Ungulani Ba Ka Khosa, Clemente Bata, Lucílio Manjate, Aldino Muinga ou Noémia de Sousa, chegou a vez de uma das vozes mais consagradas do país, do ponto de vista artístico e cultural, não fosse fundador da Gazeta de Artes e Letras, da revista Tempo, e um dos membros do júri do primeiro concurso literário do país: Luís Carlos Patraquim.
Nesta viagem pelas terras brasileiras, Patraquim leva na bagagem O cão na margem, uma colectânea de poemas que, na percepção da editora Kapulana, levará o leitor brasileiro ou de outras latitudes a visitar Moçambique. O livro é constituído por três conjuntos de poemas, designadamente, “O cão na margem”, “Omuhípiti” e “O escuro anterior”, os quais concorrem para o alcance de uma dimensão ao mesmo tempo mística e real.
Esta edição do livro de Luís Carlos Patraquim conta com o prefácio da pesquisadora brasileira de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, em especial, de Literatura Moçambicana, Cíntia Machado, quem defende que, “com O cão na margem, o poeta evidencia que margear é também uma forma de profanar, pois é nela [a obra] que o texto nos mostra que a linha não basta. É onde a página se transforma – trans-borda – em um não caber”. E a pesquisadora brasileira na fica nisso. Recomenda: “aceitemos o convite do velho-novo poeta, a fim de margearmos a literatura junto a esse cão, em busca de novos começos e reencontros, ao som de uma velha-nova voz de Moçambique, que se pretende, sobretudo, como a voz de um mundo inteiro”, porque, na opinião da pesquisadora, “é chegada a hora de o Brasil descobrir para que e para quem escreve Luís Carlos Patraquim”, garante Machado, autora da primeira tese de Doutoramento totalmente dedicada à obra poética do autor, intitulada Viagens de fora pra dentro: profanações e vagamundagens de Luís Carlos Patraquim, em 2014, sob a orientação da professora Carmen Lucia Tindó Ribeiro Secco.
“O cão na margem”, de Luís Carlos Patraquim, insere-se na série “Vozes de África” e possui 92 páginas de uma poesia madura e adulta, para velhos e novos leitores.
A nova obra do poeta moçambicano estará disponível no início do próximo mês, na loja on-line da Editora Kapulana e em diversas livrarias brasileiras.
Percurso e Repertório
Além de “O cão na margem”, o jornalista e poeta Luís Carlos Patraquim é autor de uma vasta obra literária, casos Monção, lançada em 1980 e que consigo trouxe a rebeldia reflectida numa poesia intimista que confrontava a de combate, muito em voga na altura. Em 1985, publicou a Inadiável viagem. Depois, seguiram-se mais livros: Vinte e tal novas formulações e um elegia carnívora; Mariscando luas; Lidemburgo blues; O osso côncavo e outros poemas; Pneuma; A canção de Zefanías Sforza; Antologia poética; Matéria concentrada; Enganações de boca; Ímpia Scripta; Manual para incendiários e outras crónicas e O escuro anterior.
Em 1995, Luís Carlos Patraquim foi Prémio Nacional de Poesia.
Perfil
Luís Carlos Patraquim nasceu em Maputo, em 1953. Entre 1973 e 1975, foi refugiado político na Suécia.
Regressando ao país, o poeta fundou, com outros escritores, a Agência de Informação de Moçambique (AIM). Trabalhou no Instituto Nacional de Cinema de Moçambique; foi redator do jornal cinematográfico “Kuxa Kanema” e colaborador na imprensa nacional. Em 1986, deixou o país, fixando–se em Portugal, onde continuou seu trabalho como roteirista e colaborador editorial.
Em sua vasta obra publicada em prosa, poesia e teatro, inspira–se em temas do passado e do presente, retratando o amor, a mulher, o mar e o sonho.