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Ministra sul-africana recebeu “luvas” em troca de protecção do ex-Presidente

Nomvula Mokonyane

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Nomvula Mokonyane

O antigo director de operações da empresa de segurança Bosasa, Angelo Agrizzi, afirmou ontem perante a Comissão Zondo, que investiga a corrupção durante a Presidência de Zuma, que subornou a actual governante.“Sabíamos que ela era muito próxima do Presidente Zuma na altura. Ela é poderosa e tivemos de a colocar do nosso lado. Ela era como um coelhinho da Energizer, se precisasse de coisas para fazer, seria feito. Se tivéssemos algum problema, seria resolvido”, disse o antigo gestor perante o juiz.Angelo Agrizzi revelou que entre 2002 e 2016 a empresa pagou a Mokonyane 50.000 randes em dinheiro, que lhe era entregue todas as semanas num envelope preparado por ele.“O director-geral da empresa, Gavin Watson, levava o dinheiro para a ministra”, explicou Agrizzi à comissão de inquérito.Segundo o antigo gestor, a “generosidade” destinava-se a evitar qualquer acção judicial contra a Bosasa, que desde 2007 era alvo de uma investigação por ter ganho vários contratos públicos considerados suspeitos.Todavia, a empresa nunca foi alvo de um processo judicial até hoje. Angelo Agrizzi disse que, além das comissões mensais, a empresa prestou muitos outros favores a Nomvula Mokonyane como despesas de funeral de familiares, restauração e “até mesmo solicitações ridículas a meio da noite” como foi, por exemplo, o caso de ter sido obrigado a ir fazer compras de natal, quando Mokonyane era ministra da segurança na província de Gauteng.”Estive, pessoalmente, envolvido, fui eu quem deu as autorizações”, insistiu Angelo Agrizzi. No seu depoimento, o antigo gestor salientou ainda que a empresa financiou, a pedido de Mokonyane, comícios do partido ANC assim como obras de manutenção e segurança na residência da governante em 2002.Nomvula Mokonyane, antiga governadora da província de Gauteng e ministra da Água e Saneamento durante a presidência de Jacob Zuma, negou as acusações.Iniciada em Agosto do ano passado, a comissão chefiada pelo vice-presidente do Tribunal Constitucional Raymond Zondo tem como objectivo “lançar luz” sobre os muitos escândalos, que marcaram a presidência de Jacob Zuma (2009-2018).O ex-presidente foi forçado pelo seu partido, o ANC, a renunciar ao cargo de chefe de Estado em Fevereiro de 2018, sucedendo-lhe na presidência do país Cyril Ramaphosa, o então vice-presidente, que prometeu combater a corrupção na tomada de posse.No entanto, Ramaphosa manteve Mokonyane no governo, primeiro na pasta ministerial da Comunicação e depois no Meio Ambiente.Nos últimos meses, várias personalidades têm vindo a depor perante a Comissão Zondo sobre o relacionamento entre Jacob Zuma e os irmãos Gupta, empresários de origem indiana suspeitos de terem beneficiado de contratos lucrativos do governo por meio do governante do ANC.Jacob Zuma, que viveu exilado em Moçambique durante a luta de libertação contra o anterior regime do ‘apartheid’ na África do Sul, sempre negou o seu envolvimento em actividades ilícitas.Angelo Agrizzi, que saiu da Bosasa em 2016, revelou, na semana passada, que a sua empresa gastava todos os meses entre 4 a 6 milhões de rands em subornos, propinas e outros presentes à elite do ANC, para ganhar contratos com o Estado ou empresas públicas sul-africanas.

Fonte : Folha de Maputo