Foi lançado, esta segunda-feira, o terceiro volume da trilogia “O eco da sua voz”, obra que contém cartas de correspondência entre Eduardo Mondlane e sua esposa, Janet Mondlane, durante os 13 anos de convivência. Na obra, a viúva de Mondlane descreve o marido como um lutador pela causa do seu país e pelo mundo.

Janet Rene Mondlane foi casada com Eduardo Mondlane entre 1956 e 1969 e guarda memórias dos 13 anos de convivência com o arquitecto da unidade nacional e fundador da Frente de Libertação de Moçambique.

Aos 89 anos de idade, Janet Mondlane decidiu voltar a abrir os anais da história familiar e dar a conhecer ao mundo através das cartas de correspondência entre o casal. No terceiro volume da trilogia “O eco da sua voz”, a viúva de Mondlane traz memórias vividas entre 1953 e 1957, com a figura tida como quem detinha perspectiva própria e futurista para o bem dos povos.

“Eduardo Mondlane, com algum punhado de indivíduos que faziam uma guerrilha, tinha a ousadia de querer ter um ponto de vista que fosse próprio. Nós, na maneira como vivemos, como nos relacionamos com as instituições internacionais, com o mundo exterior, parece que nós não temos um ponto de vista nosso. Não temos nenhuma base moçambicana a partir da qual reivindicar o diálogo com os outros. E me parece que esta ousadia, este auge, para dizer em latim, é uma das características mais importantes que a gente pode descelar na Frelimo de então e trazido à volta de Eduardo Mondlane como personalidade”, afirma Severino Ngoenha.

A escritora esteve ausente, porém retratada pelo apresentador da obra na sua locução. O reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Manuel Guilherme, carregava a mensagem da Janet Mondlane.

“Os milagres são acontecimentos que não têm uma explicação lógica. A existência de Mondlane foi um milagre porque, sob o ponto de vista lógico, não se compreende como é que um pequeno rapaz africano, nascido com uma herança de opressão e de pobreza, podia estar tão determinado a ter uma formação académica e, posteriormente, libertar o seu povo ao ponto de dar a sua vida por esse povo”, lê-se em algumas das cartas de correspondência do casal.

Várias figuras acompanharam atentamente a cerimónia.

Para o antigo Presidente da República e presidente honorário da Frelimo, Joaquim Chissano, as memórias de Mondlane inspiram força. “É um livro que terá que ser lido várias vezes, porque em cada página, em cada carta, encontramos uma história e encontramos uma força”, disse Chissano na saída do local do evento.

Para os filhos, a obra traduz-se numa oportunidade para dar a conhecer ao mundo a história dos seus progenitores. Nyeleti lembra que “Não havia WhatsApp na altura, portanto tivemos a sorte da mamãe Janete ter recolhido e guardado todas as cartas, a maior parte das cartas que trocaram entre si durante o tempo que estiveram nos Estados Unidos da América e além. O que a família regozija-se a dizer neste.”

Na sequência do lançamento das obras, que decorreu na Cidade de Maputo, houve vários painéis de debate sobre a vida e obra do casal Mondlane.

Fonte:O País

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