ROBERT Mugabe quebrou um longo silêncio e atacou o seu antigo protegido Emmerson Mnangagwa, que acusa de o ter derrubado num “golpe violento”.
O ex-Presidente zimbabweano disse que nunca pensou que Mnangagwa “a quem eu criei e trouxe ao Governo e cuja vida duramente trabalhei na prisão para salvar” se voltaria contra ele.
O ex-Presidente do Zimbabwe revelou, em conversa à cadeia de televisão sul-africana SABC, que foi vítima de um golpe de Estado e que se sente traído pelo sucessor, Emmerson Mnangagwa.
Na sua primeira entrevista desde que renunciou à presidência em Novembro de 2017, Mugabe considera “ilegal” o Governo de Mnangagwa.
“Ele nunca teria assumido a presidência do país sem o exército. Foi o exército que o ajudou”, frisou Mugabe.
Robert Mugabe, de 94 anos, 37 dos quais no poder, não esquece que foi ele quem levou Mnangagwa ao Governo.
“Nunca pensei que Emmerson Mnangagwa, que eu criei e levei ao Governo, tornar-se-ia um dia o homem que iria se virar contra mim”.
Segundo o ex-Presidente, o país precisa respeitar as leis.
“Devemos desfazer essa desgraça que impusemos a nós mesmos. Não merecemos isso. O Zimbabwe não merece isso, queremos ser um país constitucional. Podemos ter os nossos problemas aqui e ali, mas, em geral, devemos obedecer à lei”, afirmou.
Mugabe frisou, no entanto, que não odeia o seu sucessor, mas insistiu que não iria trabalhar com ele, reiterando a sua presidência é “ilegal” e “inconstitucional”.
A entrevista, segundo observadores, foi organizada pela Frente Patriótica Nacional (NPF), um partido novo constituído maioritariamente por antigos militares da União Nacional Africana do Zimbabwe – Frente Patriótica (ZANU-PF), no poder.
Durante décadas, a ZANU-PF suportou Mugabe, mas em Novembro último apoiou a acção do Exército contra si, forçando-o à resignação.
Embora apoie a NPF, Mugabe nega o interesse de voltar à política activa – SABC/DW
Fonte:Jornal Notícias