O GOVERNADOR do Niassa, Arlindo Chilundo, manifestou-se preocupado com os elevados índices de desistência escolar dos jovens, com maior enfoque para as raparigas, o que pode influenciar negativamente as taxas de analfabetismo.
Chilundo falava sábado último no distrito de Sanga, reagindo ao informe apresentado pelo governo local, por ocasião da visita que efectuou a este distrito, no âmbito da preparação da visita presidencial ao Niassa.
Segundo o administrador José Achida, residem em Sanga pouco mais de 74.529 habitantes, e destes 34.878 são jovens, de acordo com o censo de 2007.
Do total, apenas 12.967 frequentam os vários níveis de escolaridade, ou seja, 37 por cento do universo da população do distrito estuda e outros 23,3 por cento abandonaram a escola nos vários centros de ensino. Isto significa que, em cada 100 alunos matriculados anualmente, 23 não terminam o ano lectivo.
Chilundo não se conformou com os números, considerando que a este ritmo, o distrito corre o risco de, nos próximos anos, produzir mais analfabetos, minando o desenvolvimento que o governo planificou para o distrito, um dos mais produtivos da província.
Os casamentos prematuros, os ritos de iniciação e o envolvimento de alunos em trabalhos agrícolas, durante o período escolar, foram apontados pelo governador como sendo as principais causas do absentismo escolar que se regista em muitas escolas do Niassa.
Aliás, esta é uma das razões que está na origem da redução do rácio aluno/professor dos anteriores 60/70 para os actuais 35/40.
Para Arlindo Chilundo, o desenvolvimento de uma nação só pode ser real se a Educação for valorizada.
Defendeu que os dirigentes governamentais, a vários níveis, lideranças comunitárias e encarregados de educação devem se juntar aos esforços do governo, visando reter os jovens nas escolas, em particular a rapariga, que é vítima dos casamentos prematuros e forçados.
Reconheceu que os ritos de iniciação fazem parte da tradição dos povos, mas orientou que a sua prática seja feita durante as férias para garantir um bom aproveitamento escolar dos jovens a eles submetidos.
Durante o comício que orientou no povoado de Malémia, ainda em Sanga, o governador aproveitou o momento para explicar a pertinência de os jovens se manterem nas escolas, referindo, que a construção de escolas, centros de saúde, estradas, pontes, produção agrícola, entre outras actividades, exige uma mão-de-obra qualificada e treinada nos vários estabelecimentos de ensino.
Tranquilizou a população indicando que o governo nunca esteve contra os ritos de iniciação, também conhecidos, na lingua ci-Yao, por unhagu, porque reconhece que eles fazem parte da cultura, pelo que todos devem tirar deles o que de bom existe e nunca criar condições para que entrem em conflito com as orientações governamentais.
André Jonas
Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/sociedade/67854-niassa-chilundo-preocupado-com-desistencia-escolar.html