A TRANSFORMAÇÃO do sector cultural numa verdadeira indústria, com ganhos visíveis para os intervenientes, e a criação de bases para a rentabilização do turismo são alguns dos objectivos de Edelvina Materula, nomeada há dias pelo Presidente da República Ministra da Cultura e Turismo.

Na interacção com os funcionários, momentos depois de receber do antigo ministro, Silva Dunduro, as pastas do pelouro, Eldevina Materula indicou que quer aproximar ainda mais o sector cultural do turismo, pois juntos podem trazer ainda mais resultados benéficos para a economia nacional.

“Foi feliz esta fusão. Espero contribuir ainda mais para a sua unificação”, salientou.

Na visão da nova governante, as artes devem ser uma indústria sólida, compacta, que traz ganhos para os artistas e para a sociedade. No entanto, para que tal seja possível é necessário trabalho e acima de tudo investimentos.

Referiu ainda que o turismo deve ser visto como uma fonte de rendimento, pois com maiores investimentos é possível arrecadar divisas, contribuindo para a economia e para o bem-estar dos moçambicanos que habitam e praticam actividades comerciais nos locais turísticos.

Eldevina Materula assegurou que vai visitar todos os institutos e entidades ligadas à Cultura e Turismo para perceber com profundidade o seu funcionamento.

Apontou que vai visitar igualmente instituições de ensino de artes, cultura e turismo, pois estas, na sua opinião, desempenham um papel fulcral, que é o de formação de quadros que alimentam estes sectores.

“Gostaria de começar pela Escola Nacional de Música, que é a instituição que me formou”, referiu, indicando que pretende impulsionar os estabelecimentos de ensino para que executem o seu trabalho de forma mais dinâmica.

Os artistas, frisou, serão privilegiados na sua governação e por isso espera incluí-los nas actividades correntes do Ministério da Cultura e Turismo. “Eles devem se sentir parte dos processos para que contribuam na materialização, com sucesso, das nossas actividades”, indicou, deixando claro que antes de ser ministra ela é uma artista.

Edelvina Materula revelou que está a analisar os relatórios do ministério, que indicam que o aproveitamento do último quinquénio foi bom.

“O facto aumenta a minha responsabilidade. No entanto, conto com os colegas para conseguir alcançar um bom aproveitamento, ajudando assim a trazer melhores resultados para o sector”, disse.

Materula apontou que não esperava ser nomeada, mas está honrada pela escolha que o Presidente da República, Filipe Nyusi, fez.

“Nunca foi minha aspiração ser ministra. Se fui escolhida é porque tenho realizado acções que contribuem positivamente para o sector”, indicou, deixando claro que está disposta a colher os contributos dos funcionários da instituição que dirige, pois “sozinha nada farei”, reconheceu.

Eldevina Materula, 37 anos, também conhecida por Kika Materula, nasceu em Maputo. Iniciou os seus estudos musicais aos sete anos e aos 13 anos foi a Portugal estudar, tendo ingressado na Escola Profissional de Música de Évora (Alentejo), no âmbito de um intercâmbio.

Antes de assumir o cargo de ministra era directora artística do projecto Xiquitsi/Temporada de Música Clássica de Maputo, onde foi condecorada com a medalha da Ordem de Mérito pelo Presidente da República Portuguesa.

Em 1995, já em Portugal, deu continuidade aos seus estudos musicais e tem o seu primeiro contacto com o oboé.

Terminou a sua licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa. Na Malmö Academy of Music, terminou a sua Pós-Graduação. Realizou concertos em diferentes países do mundo, com destaque para Moçambique, Angola, Brasil, Portugal, Espanha, bem como na Alemanha, França, Dinamarca e Suécia.

Em 2001 venceu a XVI edição do Prémio Jovens Músicos na categoria de oboé. Colaborou como convidada com a Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, Orquestra Sinfonieta de Lisboa, Orquestra Gulbenkian, Malmö Symphonie Orchestra (Suécia), Malmö Opera Orchestra, Danish Radio Sinfonietta (Dinamarca), Orquestra Sinfónica da Bahia (Brasil), Kwazulu Natal Philharmonic Orchestra (África do Sul) entre outras.

Enquanto docente, trabalhou na Escola profissional de Música de Évora, na Escola de Música de Palmela, no Projeto Neojibá (Brasil) e na Academia de Música Costa Cabral. É professora convidada do Projecto social Neojibá (Brasil). Desempenhou as funções de Solista na Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.

    Fonte:Jornal Notícias

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