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“O País” entrevista Bruno Alberto Langa

Bruno Langa na I Liga de Portugal: “sinto-me orgulhoso, não só por mim, também pelo povo moçambicano”

Bruno Langa diz-se realizado e orgulhoso por poder jogar na primeira Liga de Portugal. O lateral-esquerdo moçambicano não esconde o sonho de poder jogar em ligas mais competitivas do velho continente. O lateral-esquerdo, que chegou a Portugal pela porta do Amora FC, mudou-se depois para o Vitória de Setúbal, e, no ano passado, foi contratado pelo Desportivo de Chaves, em exclusivo, partilhou com o “O País” como foi conquistar o “pla-off” de acesso à 1ª Liga Portuguesa.

R: Foi uma época positiva, esperava tanto por este momento, chegar ao mais alto nível do futebol europeu ou português. Consegui, não foi fácil, nunca é fácil, mas, com trabalho, consegui alcançar o meu objectivo de chegar ao mais alto nível.

R: Foi um sentimento muito forte, por isso, depois de ouvir o apito final, me agachei, fiquei de joelhos e comecei a chorar, porque tive um sentimento tão forte que nem explicação tem.

R: Sinto-me orgulhoso por isso, porque sempre batalhei para poder chegar lá. Vou disputar a I Liga, sinto-me por isso orgulhoso, não só por mim, pelo povo moçambicano também. São muitos que me acompanham e isso também é para eles, é uma conquista de todos nós.

R: Do Amora FC para o Vitória de Setúbal…o Vitória de Setúbal estava na I Liga, e eu sempre quis chegar à I Liga. Foi com esse objectivo que fui para o Vitória de Setúbal, mas as coisas não correram conforme o esperado. Foi uma época meio turbulenta, certas coisas passaram-se e o clube acabou por descer de divisão para a III Liga, foi daí que arrisquei, dando um passo para trás, ao regressar ao Amora FC (e eu já sabia que tinha de fazer uma época de grande nível para poder dar um salto). Cheguei ao Amora e dei o meu máximo, também porque sempre fui bem recebido lá, sinto-me em casa até hoje.

R: Um dos principais factores é nunca desistir, independentemente das circunstâncias por que passamos, manter o foco no que a gente quer. Essas foram as peças-chave para o bom desempenho. Houve um tempo em que eu não jogava e, se não tivesse a cabeça fria, às vezes ia pensar em desistir ou pedir para ser emprestado, mas eu acreditei e, naquele momento, disse para mim mesmo que eu vou trabalhar mais para jogar, porque, sem isso, ninguém me ia dar nada. E é este conselho que dou aos mais novos.

R: Chegar ao mais alto nível, estar em melhores clubes, em melhores campeonatos, esse é o meu maior objectivo.

R: A minha família é o meu maior suporte. Não tenho palavras para definir, exactamente, o que representa a minha família. Ela faz tudo para me ver a vencer. Por isso, carrego-a comigo em todos os jogos, para onde eu vá, carrego comigo a minha família no coração e no meu pensamento. O esforço que faço em cada jogo é pela minha família e depois pelo povo moçambicano.

R: Devo tudo à minha mãe. Ela é a nossa verdadeira guerreira. Ela cuidou de nós (de mim e dos meus irmãos), quando o meu pai passava por alguns deslizes da vida, ela sempre lutou por nós e nunca deixou faltar nada. Então, ela é que merece mais do que ninguém. Por isso, eu queria dizer que a amo muito, independentemente das circunstâncias ou das discussões que temos, às vezes, até porque isso é normal, faz parte. Quero que ela saiba que a amo muito e que nunca vou deixar faltar nada, porque ela é a minha verdadeira heroína.

R: Não tenho clube dos sonhos, tenho campeonatos dos sonhos. Um deles é a Liga Inglesa, a Liga Alemã (Bundesliga) e a Liga Espanhola.

R: Como lateral-esquerdo, eu sempre gostei de David Alaba. Quando estava no Bayern de Munique, gostava muito de o ver jogar, e continuo a gostar, entretanto ele agora joga numa outra posição, mas sempre gostei dele.

R: Sendo sincero, são assuntos que não gosto de abordar, são assuntos que cabe ao clube aceitar ou não, porque o meu contrato é com eles, pertenço a eles e nunca vou dar costas ao Chaves. Se a proposta for verdadeira, só o interesse que o clube mostra é positivo. Fico orgulhoso só por isso, pelo interesse que eles manifestaram. É uma boa notícia para mim e para as pessoas que me acompanham.

R: Foi na era de Abel Xavier, foi na Namíbia, num Torneio Cosafa. Eu ainda era novo, penso que tinha 17 ou 18 anos. Nos primeiros jogos, ele apostava em alguns até que chegou a apostar em outros jogadores como lateral-esquerdo ou lateral-direito, e eu ali. Talvez não tenha apostado em mim, porque eu ainda era muito novo, mas, no jogo em que ele me colocou em campo, fui um dos melhores em campo, estive tranquilo, fiz um bom jogo e ficou marcado.

R: Não tenho palavras. Carregamos 30 milhões de moçambicanos, é um orgulho.

R: Pergunta difícil! Em algum momento, a selecção nacional vem em primeiro lugar, antes de qualquer clube. Primeiro, carrego a selecção com todas as forças. Estou lá para representar todo o país.

R: A chegarem às maiores competições do mundo, seja o Mundial, seja o CAN (Campeonato Africano das Nações). Eu sonho em ver os “Mambas” lá e quero estar lá, para alcançar esse objectivo com a selecção nacional.

R: São jogadores que nos inspiram, aprendemos a cada dia com eles, são experientes e têm noção de muita coisa no mundo futebolístico. Então, nós nos aproximamos deles para aprender alguma coisa. Eles têm-me ajudado e os mais novos.

R: Sabemos todos que Moçambique é um país cheio de talentos, e eu percebo isso quando estou com os meus colegas em campo. E é bom estar lá com eles.

R: Sendo sincero, não é nada bom, nenhum jogador gosta de jogar fora de casa, principalmente quando o jogo é nosso. Não tem impacto nenhum e, em algum momento, cria dificuldades à nossa selecção nacional, mas nada podemos fazer, porque estamos a passar por momentos difíceis, já que o nosso estádio está a ser renovado. É muito difícil jogar fora, sabendo que vamos receber uma equipa; não é a nossa casa nem a do nosso adversário.

R: Chiquinho Conde está a fazer um bom trabalho. É um treinador experiente, que jogou futebol, ele entende das coisas.

“Guardo boas recordações do Maxaquene e lamento a actual situação do meu clube do coração”

R: É um clube que vai ficar sempre no meu coração, passei muitos momentos naquele clube. Foi lá onde eu dei os meus primeiros passos como jogador profissional e conheci também lá pessoas que carrego, até hoje, na minha vida, entre amigos, roupeiros, ou melhor, técnicos de equipamento. É muita gente, e é algo inesquecível. Nunca me esquecerei do clube donde eu saí.

R: São problemas que vêm há muito tempo. Mesmo quando eu cheguei, ainda juvenil ou iniciado, esses problemas já existiam. Maxaquene é um clube grande e não merece estar onde está hoje, não merece passar pelo que está a passar hoje, merecia estar ao mais alto nível, no mínimo a disputar o Moçambola. O Clube de Desportos do Maxaquene marca a minha vida, por exemplo, na formação, tive um treinador que me marcou muito, que me dava puxões de orelha, mas gostava de mim. Falo do mister Amid Tarmamade. É um treinador que acompanha o meu trabalho até hoje. Por isso, este meu crescimento é também mérito dele, porque ele teve um papel fundamental.

 

NOME COMPLETO: Bruno Alberto Langa

NASCIMENTO: 31-10-1997 (25 ANOS)

POSIÇÃO: Defesa/lateral esquerdo

Fonte:O País