As acções humanitárias das Nações Unidas em Gaza continuam a ser realizadas, principalmente nos seus abrigos para deslocados, apesar da progressiva falta de combustível e da intensificação dos bombardeamentos de Israel sobre o enclave, de acordo com a ONU.

No seu balanço diário sobre a situação na Faixa de Gaza, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários relatou que esta quarta-feira foi o dia com mais mortes desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em 07 de Outubro, elevando o número total de mortes no enclave para 6.547, das quais 2.704 eram crianças.

Apesar da intensificação dos ataques e da falta de combustível, que paralisa as actividades dos hospitais e de outros serviços essenciais, as Nações Unidas continuam a trabalhar em Gaza, especialmente através da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA).

“A principal operação é o acolhimento de deslocados internos nas escolas da UNRWA, onde [mais de 629 mil pessoas] estão a receber alimentos, medicamentos e apoio para manter a dignidade e um mínimo de esperança”, sublinhou o documento das Nações Unidas.

Outras actividades que se mantêm são a distribuição de alimentos e dinheiro a estes deslocados, o fornecimento de combustível de emergência às unidades de saúde, o apoio psicossocial e campanhas de sensibilização para prevenir acidentes causados nas ruas por explosivos que ainda não foram detonados.

Ao número de 6.547 mortes em Gaza, fornecido pelo Ministério da Saúde do Hamas — grupo islamita que governa o enclave -, somam-se os palestinianos mortos em confrontos com as forças de segurança israelitas na Cisjordânia, que na quarta-feira ultrapassou barreira dos cem, 31 dos quais eram crianças.

Segundo o relatório, subiu para 62 o número de camiões com ajuda humanitária que conseguiram entrar em Gaza desde sábado passado pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egipto, mas ainda não está a ser autorizado o transporte de combustível, necessário para serviços essenciais no território como a operação de centrais de dessalinização da água.

No entanto, as Nações Unidas indicaram hoje que o acesso à água potável em Gaza melhorou temporariamente nas zonas de retirada no sul da Faixa, como Rafah ou Khan Younis, graças à utilização de combustível de emergência para abastecer as principais instalações de purificação.

As famílias da região têm conseguido consumir cerca de 30 litros por pessoa num dia, quando nos dias anteriores mal consumiam três litros em média [de acordo com os padrões internacionais o mínimo para consumo, cozinha e higiene deveria ser de 15 litros].

As Nações Unidas indicaram que Israel ordenou na quarta-feira a evacuação de bairros do sul de Gaza, afectando cerca de 40 mil pessoas que tiveram de se deslocar para zonas no oeste, mais próximas da costa, sem capacidade efectiva de alojamento.

O relatório diário reiterou que 45% dos edifícios residenciais em toda Gaza sofreram algum tipo de dano, enquanto mais de 16.000 casas foram destruídas e 11.000 estão inabitáveis, segundo dados do Ministério das Obras Públicas e Habitação de Gaza.

Muitas das 1,4 milhões de pessoas deslocadas em Gaza – quase dois terços da população da Faixa – reduziram as suas refeições para apenas uma por dia, destaca a ONU, que relatou a morte de outro trabalhador da UNRWA nas últimas 24 horas, elevando para 38 o número dos seus funcionários mortos no conflito. (RM-NM)

Fonte:Rádio Moçambique Online

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