A Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo anunciou um volume recorde de 31,2 milhões de toneladas, um crescimento de 16% face ao ano anterior. A companhia equaciona investir, nos próximos três anos, 600 milhões de dólares na expansão da infra-estrutura.

A Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC) divulgou os seus resultados anuais, destacando um crescimento em diversas métricas, solidificando a sua posição como um dos principais motores económicos da região. Os números revelam não apenas um aumento significativo no volume total de carga movimentada, mas também uma mudança estratégica rumo à diversificação e à sustentabilidade.

Dos 31,2 milhões de toneladas movimentadas, cerca de 25 milhões foram constituídos por uma variedade de minérios, incluindo cromo, ferrocromo, magnetita, carvão, minério fosfatado, vanádio, titânio, cobre e vermiculita, entre outros. O feito reflecte a estratégia de diversificação que a MPDC vem implementando nos últimos anos, conforme ressaltou Osório Lucas, director-executivo da empresa.

Um aspecto notável é a distribuição mais equilibrada dos volumes transportados. Enquanto 61% foi movimentado por via rodoviária, 39% foi transportado por via férrea, indicando um aumento significativo de 8,4% na utilização ferroviária, em comparação com o ano anterior, estabelecendo, assim, um novo recorde para o Porto de Maputo.

“O crescimento sustentável do corredor de transporte continua sendo uma prioridade para a MPDC. Apesar do aumento na movimentação ferroviária, a demanda pelo porto tem crescido exponencialmente, e, por isso, continuaremos a trabalhar com os CFM para buscar um melhor equilíbrio entre carga ferroviária e rodoviária”, explicou o diretor-executivo.

Para lidar com o congestionamento rodoviário, a MPDC tomou medidas proactivas, como a inauguração do Parque de Gestão de Tráfego de Camiões em Pessene, em Novembro passado. Essas iniciativas visam, segundo a MPDC, optimizar a eficiência logística e melhorar a infra-estrutura de transporte, garantindo uma operação mais fluida e eficaz.

O aumento substancial do volume de carga teve um impacto directo no valor das taxas fixas e variáveis pagas ao Governo de Moçambique. No total, o Porto de Maputo contribuiu com mais de 41 milhões de dólares, excluindo impostos e dividendos aos accionistas, registando um crescimento de 29% em relação ao ano anterior.

De acordo com Osório Lucas, o aumento financeiro não apenas reforça a posição do porto como um motor económico vital para o país, mas também demonstra compromisso contínuo com o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique.

Ademais, a concessionária do Porto de Maputo prevê investir, nos próximos três anos, cerca de 600 milhões de dólares na expansão da infra-estrutura portuária. Neste momento, a MPDC aguarda a assinatura do contrato com o Governo. Após a ratificação, Osório Lucas diz que a primeira fase dos trabalhos é aumentar a capacidade do terminal de contentores em três anos.

“A nossa expectativa é começar os trabalhos em Junho deste ano. Tencionamos começar com o terminal de contentores, depois virá a reabilitação do cais quatro, que é o local de menor dimensão em uso no porto e, depois, as fases subsequentes no terminal de carvão e nos terminais de carga geral”, acrescentou Osório Lucas.

De acordo com a MPDC, gestora do Porto de Maputo, o objectivo do aumento da capacidade da infra-estrutura é captar a melhor cota do mercado. “A questão é que há que compaginar planos com oportunidade e, se não agir no tempo certo, há-de se ficar nos planos. Se agir no tempo certo, converte o plano numa oportunidade, é só isso que estamos a fazer, mas os planos não são em função dos investimentos da África do Sul, porque lá é a necessidade de agir agora por forma a captar a quota do mercado relevante para o porto”, avançou o dirigente.

Além disso, o ano de 2023 foi marcado por um significativo investimento na cultura moçambicana. Diversas celebrações associadas ao Porto de Maputo, como os 20 anos de concessão à MPDC, os 120 anos do Porto de Maputo em parceria com os CFM, e eventos de final de ano em colaboração com a Rádio Moçambique, foram marcadas por espectáculos musicais únicos, com forte ênfase em músicos e artistas nacionais. Essa abordagem reflecte o compromisso da MPDC com o apoio à comunidade local e à preservação da rica herança cultural de Moçambique.

Adicionalmente, a MPDC também investiu em projectos de cunho social, como o apoio à comunidade de Kanyaka. A participação na reabilitação da embarcação de transporte de passageiros e o investimento no projecto executivo para a reabilitação do cais de Kanyaka, que se iniciará em 2024, destacam o compromisso da empresa em promover o desenvolvimento sustentável e a inclusão social em todas as áreas de actuação.

Nos últimos 20 anos, ou seja, de 2003 a 2023, a concessionária do porto investiu 835 milhões de dólares norte-americanos na modernização da infra-estrutura.

Fonte:O País

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