O PRESIDENTE da República, Filipe Nyusi, concluiu ontem uma visita oficial de quatro dias a Cuba mais convencido que Moçambique precisa de aprender, rapidamente, a transformar dificuldades em oportunidades de crescimento.

Com a mesma convicção, Filipe Nyusi classifica a visita de frutuosa, mesmo assumindo que, do ponto de vista prático, há passos que deverão ser dados para tornar as matérias discutidas e aprovadas ao nível das chefias de estado, em actividades e projectos concretos, com impacto na vida da população.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, que falou ontem a jornalistas em Havana, para o balanço da visita, explicou que à partida para esta deslocação, Filipe Nyusi já tinha em mente que a mesma seria diferente das habituais, assumindo que há constrangimentos económicos que condicionam o bom desempenho das duas economias.

Na verdade, a filosofia do governo moçambicano nos últimos anos tem sido de complementar as relações com os diferentes países com uma forte e agressiva componente de diplomacia económica, procurando tirar o máximo proveito das oportunidades que se oferecem ao país.

Oldemiro Baloi explicou que, com as dificuldades que Cuba enfrenta, agravadas pelo impacto da recente decisão da administração Trump, nos Estados Unidos da América, de anular o recente levantamento do boicote económico à Ilha, estava claro que as decisões sobre a implementação de algumas ideias seriam afectadas.

“Mas valeu a pena termos vindo. Notou-se uma grande empatia entre os dois chefes de Estado e uma enorme força de vontade de fazer as coisas acontecer. Cuba está a enfrentar muitas dificuldades, está numa situação dramática, mas há áreas como saúde, investigação científica, educação e turismo, nas quais cresceu imenso. É nessas áreas em que nos vamos concentrar, naturalmente fazendo as coisas ao ritmo das conduções actuais de ambos países, disse Baloi.

Sobre o turismo, por exemplo, uma actividade que contribui com cerca de 3,5 biliões de dólares americanos para o Produto Interno Bruto (PIB) cubano, o Presidente da República decidiu prolongar por mais alguns dias a permanência na ilha do ministro do pelouro, Silva Dunduro, para articular com as autoridades locais no desenho de um plano de acção conjunto, neste domínio.

Na verdade, o turismo é uma das áreas económicas mais fortes de Cuba, que apesar do bloqueio que dura há vários anos tem conseguido atrair turistas de praticamente todo o mundo. Aliás, esta realidade praticamente explodiu depois que a administração do presidente norte-americano Barak Obama decidiu levantar o bloqueio e iniciar uma nova era nas relações com Cuba. Porém, receia-se que o progresso possa ser negativamente afectado pelo impacto da decisão política de Donald Trump.

Durante os últimos dois dias da visita a Cuba, Filipe Nyusi desdobrou-se em contactos com instituições ligadas à saúde e investigação, ciência e tecnologia, sempre atento às oportunidades de fazer intervir estas componentes em pelo menos três áreas de eleição da sua governação, nomeadamente saúde, educação e produção de alimentos.

No sábado, Nyusi reuniu-se com embaixadores africanos acreditados em Havana e com a comunidade moçambicana residente na ilha, maioritariamente constituída por estudantes. Entretanto, o PR deixou Havana ontem, cerca das 17 horas (de Maputo), de regresso ao país.

 

Júlio Manjate, em Havana

Fonte:http://www.jornalnoticias.co.mz/index.php/politica/68643-pr-termina-visita-a-cuba-licoes-para-transformar-dificuldades-em-oportunidades.html

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