Completam-se, por estes dias, 106 anos do primeiro Benfica-Porto realizado em Lisboa, apenas seis meses depois do encontro inaugural entre os dois clubes, que teve lugar na cidade invicta. Estávamos em outubro de 1912 e não faltava fair-play entre as duas agremiações.

O jogo, efetuado no Campo das Laranjeiras (que até pertencia ao Clube Internacional de Lisboa, CIF, e se localizava perto do Jardim Zoológico), e que terminou com a vitória dos lisboetas por 5-1, surgiu como retribuição da visita do Benfica à cidade do Porto no anterior mês de abril (com um triunfo encarnado no primeiro encontro de sempre entre os dois clubes, por 8-2).

Assim ficava provada a clara superioridade do futebol lisboeta sobre o seu congénere portuense, nesta altura. Note-se que em Lisboa existia já uma competição organizada desde 1906, enquanto no Porto apenas em 1911 se realizara o primeiro torneio, a Taça Monteiro da Costa.

Para este Benfica-Porto venderam-se 773 bilhetes, o que correspondeu a uma receita de 112 escudos. Segundo a obra “Glória e Vida de Três Gigantes”, os arranjos do campo e o imposto de selo custaram seis escudos e o policiamento três escudos.

Uma boa receita, apesar de, à hora do jogo, se realizar o cortejo da República (implantada exatamente dois anos antes). Consta que o Campo das Laranjeiras estava em muito bom estado, tendo à sua volta sido construídos palanques com capacidade para várias centenas de pessoas. Havia até um local reservado para a imprensa.

A partida foi arbitrada por Daniel Queirós dos Santos (do Sporting Clube de Portugal). A resistência portista durou cerca de meia hora mas depois os golos do Benfica foram aparecendo com naturalidade. O desportivismo era na altura tão dominante que houve um golo dos encarnados recusado pelos próprios avançados do Benfica, por considerarem que fora obtido em fora-de-jogo.

Nesta primeira visita portista a Lisboa, as equipas alinharam da seguinte forma:

Sport Lisboa e Benfica: Paiva Simões; Henrique Costa e Francisco Belas; Homem de Figueiredo, Cosme Damião e Artur José Pereira; Martins dos Reis, Francisco Pereira, José Domingos Fernandes, Luís Vieira e Virgílio Paula.

FC Porto: Peter Janson; Magalhães Bastos, e Vitorino Pinto; Américo Pacheco, Allwood e Camilo Figueiredo; Camilo Moniz, Weber, Best, Harrinsson e Jones.

De destacar que as duas formações utilizaram o sistema dito “clássico”, o 2-3-5, com cinco avançados, sendo que o conjunto lisboeta apenas apresentou jogadores portugueses, tal como ditavam os estatutos do clube da águia. Já o FC Porto tinha nas suas fileiras diversos futebolistas ingleses, que haviam visitado Lisboa ao serviço do Oporto Cricket Club, em 1909.

Fonte:TSF Desporto

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