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Matthew Amatruda, principal procurador do caso que incrimina o ex-ministro das finanças de Moçambique Manuel Chang e outros antigos membros do governo moçambicano, deixou de representar o governo dos Estados Unidos da América num tribunal federal de Nova Iorque e trabalha agora como advogado para a companhia norte-americana Exxon.A informação foi avançada pela Zitamar News, citada pela Lusa, que considera que a contratação de Amatruda “confere à Exxon uma potencial vantagem substancial para navegar (…) as águas da política moçambicana”.Para a publicação Zitamar, a contratação do antigo procurador Matthew Amatruda pode implicar que a nova empregadora, Exxon, tenha estado na origem de interesses para a abertura do processo judicial sobre os empréstimos ilegais a empresas moçambicanas num tribunal de Nova Iorque, em janeiro.”Houve sempre ligações próximas entre o governo dos EUA e a ExxonMobil — como foi claramente demonstrado com a atual administração, quando o Presidente nomeou o CEO da Exxon, Rex Tillerson, para secretário de Estado”, escreve a publicação Zitamar.Amatruda era o principal representante do governo dos EUA e principal procurador desde o início do processo, que veio a incriminar os moçambicanos Manuel Chang, Teófilo Nhangumele e António do Rosário de crimes como conspiração para cometer fraude eletrónica, conspiração para cometer o crime de lavagem de dinheiro, subornos ou corrupção.Os procuradores federais (US Attorneys) têm o poder de decidir que casos e investigações têm prioridade nos tribunais.”Não seria a primeira vez que os EUA eram acusados de flexionar o seu poder jurídico internacional de uma forma que beneficia negócios americanos no estrangeiro” pode ler-se também na publicação.As leis dos EUA e Moçambique regulam que haja um período de adaptação quando um antigo funcionário público passa para uma empresa privada, com restrições aos contactos com antigos colegas.A Exxon, em conjunto com outras companhias petrolíferas, recebeu autorização do governo moçambicano este mês para o desenvolvimento do projeto de exploração de gás natural Rovuma LNG, na bacia do Rovuma.O ex-ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, três ex-banqueiros do Credit Suisse e um mediador da Privinvest foram detidos em dezembro a pedido da justiça norte-americana.A investigação alega que a operação de financiamento de 2,2 mil milhões de dólares (1,97 mil milhões de euros) para criar as empresas públicas moçambicanas Ematum, Proindicus e MAM durante o mandato do Presidente Armando Guebuza é um vasto caso de corrupção e branqueamento de capitais. O país viu cortada a ajuda externa em 2016 depois de reveladas as dívidas.O Produto Interno Bruto (PIB) do país está à beira de crescer com o início da exploração de gás natural ao largo da costa Norte (bacia do Rovuma) em 2022 e essas receitas têm sido apontadas como uma solução para pagar a parte dos credores.[CC]

Fonte: Folha de Maputo

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