A insegurança alimentar em Moçambique deve piorar devido ao conflito na província de Cabo Delgado e eventos climáticos extremos induzidos pelo fenómeno La Niña, que agravam perdas agrícolas, segundo um relatório divulgado por agências da ONU.
O documento, um relatório semestral elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla inglesa) e o Programa Alimentar Mundial (PAM) com base em investigações efetuadas por peritos das duas agências da ONU, abrange o período de novembro de 2024 a maio de 2025. No caso de Moçambique, o relatório coloca o país na lista de “alta preocupação”.
As duas agências calculam em 773 mil o número de pessoas que deve enfrentar níveis agudos de insegurança alimentar e consideram que a situação de paz e segurança em Cabo Delgado [província do norte de Moçambique] se deteriorou no primeiro semestre de 2024, após a retirada da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique.
A escalada, caracterizada por aumento e disseminação geográfica da violência, provocou mais de 160 mil deslocados de janeiro a julho de 2024, o que representa um aumento de 140% em comparação com o mesmo período do ano passado.
“Além disso, o evento La Niña aumenta a probabilidade de tempestades tropicais, ciclones e inundações mais frequentes de novembro a abril, o que deve impactar negativamente os meios de subsistência em todo o país”, sinaliza-se no documento.
Outro país africano de língua oficial portuguesa referenciado é Angola. No levantamento da FAO e do PMA considera-se que, apesar da falta de dados recentes, a situação de segurança alimentar em Angola é preocupante e requer monitorização.
“As províncias do sul e do leste foram afetadas por uma seca induzida pelo fenómeno El Niño” e a diminuição das reservas alimentares e a falta de oportunidades de trabalho na agricultura diminuíram significativamente o poder de compra das famílias”, destaca-se no relatório, adiantando que a inflação em Angola tem aumentado de forma constante, tendo atingido 31,1% em julho. (Lusa)
Fonte: Carta de Moçambique