PELO menos cinco camiões de transporte de cargas de diferentes empresas tombaram na passada sexta-feira, na rua Kruss Gomes, bairro de Munhava-Matope, na cidade da Beira, devido ao avançado estado de degradação desta via de acesso ao porto e a outras unidades industriais.

O drama na rua Kruss Gomes é mais grave no tempo chuvoso, tal como nestes dias. As tempestades que se abateram sobre a cidade e a precipitaçao da época transformaram a via num lodaçal, colocando um enorme desafio ao automobilista que se treva a por ali passar.

O troço mais crítico da rua é o que parte do semáforo da Munhava à chamada lixeira, no qual são frequentes congestionamentos, atolamentos em dias de chuva e tombos de viaturas.

Em qualquer dessas situações, o camionista corre o risco de ver a carga que transporta roubada. Na marcha lenta das viaturas por congestionamento, os amigos do alheio aproveitam para tirar algumas mercadorias. Quando camião tomba ou fica atolado, então aumenta o risco de ter o frete violado.

Mateus Fortuna, um camionista que encontramos no local, considerou desgastante o cenário que vive todos os dias quando circula na via. Na sua opinião, exige muito esforço atravessar o troço em referência com o carro carregado.

Fortuna contou que a instituição para qual trabalha já tentou reparar a via, mas recebeu uma notificação e multa passada pelo Conselho Municipal da Beira.

O camionista solidarizou-se com a comunidade que vive próximo da estrada por coexistir diariamente com esta situação. Revelou que as pessoas são obrigadas a saírem de casa com uma muda de roupa, para trocar depois de atravessarem o troço crítico.

Confirmou que quando os camiões caem ou ficam enterrados por muito tempo  acabam sendo vítimas de assaltosda carga que transportam.

Recordou que, por três vezes, assistiu ao lançamento de obras para a reabilitação da estrada mas o projecto nunca foi concretizado.

Encontramos Jorge Bonifácio na “Kruss Gomes”. O camionista apontou a situação como desgastante, principalmente quando chove, por causa do matope.

AJUDAR O MUNICÍPIO PARA A REABILITAÇÃO

Bonifácio contou que o camião de transporte de carga que conduzia enterrou às 7 horas da manhã. Passavam mais de três horas quando a nossa reportagem se fez ao local e o camião continuava atolado na lama.

A Cimentos da Beira (CDB) é uma das empresas que tem sido vítima destes situações na rua Kruss Gomes. Segundo o seu director comercial, Paulo Cavalheiro, a empresa  tem tido muitos prejuízos devido ao mau estado da via.

Cavalheiro disse que, só na semana passada, três camiões da CDB transportando clínquer – o principal componente do cimento – tombaram na estrada e uma parte do produto foi levado pela população residente naquela zona.

O director acrescentou que a empresa carregava diariamente 40 camiões de clinquer, mas, por causa da condição da estrada, carrega neste momento uma média de 17, o que resulta em prejuízos diários na ordem dos 50%.

O director comercial da CDB lamentou ainda o facto de ter perdido muitos clientes que compravam cimento e já não o fazem porque não têm meios próprios para carregarem o produto pois os camiões que tentam alugar recusam-se a entrar naquela via.

Sublinhou, por outro lado, que a sua instituição e outras duas sediadas naquela via já tentaram reparar a Kruss Gomes mas, durante o processo, foram multados pelo Conselho Municipal, alegando não estarem capacitados para a reabilitação da estrada.

Segundo Paulo Cavalheiro, devido ao mau estado da rua, os camiões do município de recolha de lixo mudaram de rota no seu caminho para a lixeira.

“Sentimos que há um desleixo total para com esta parte da cidade, porque não se justifica que o acesso ao Porto da Beira esteja nestas condições. Já tivemos muitas reuniões com o presidente e o vereador para a área de Urbanização e Construção do Conselho Municipal. Disseram-nos que o Município não tem, neste momento, condições financeiras para reabilitar a estrada”, disse.

O município avançou que poderia trabalhar na rua Kruss Gomes, desde que tivesse apoio no material para a reabilitação. “Assim, estamos a estudar mecanismos para a compra do material necessário, de modo a ajudarmos o município a reverter a situação”, revelou Cavalheiro.

Poeira e matope afligem moradores

Moradores da Munhava-Matope queixam-se da poeira, que no tempo seco se levanta à passageiros das viaturas, e da lama, na época chuvosa.

Segundo Cleiton Rui, a poeira, além de atacar a saúde, suja a roupa pendurada, as casas e igualmente, há dificuldade para sair de casa.

“É difícil sair por essa estrada quando chove devido ao matope o que provoca engarrafamento”, disse.

Um outro morador, Ricardo Vasco, falou também da lama que inunda a estrada por causa da chuva.

“Há dias, muitas viaturas não conseguiam passar por aqui sendo que algumas tombaram, por causa das aguas das chuva”, revelou.

Por sua vez, José Eugénio repisou a falta de condições naquela rua e falou também de actos de bandidagem que têm ocorrido.

“Acho que o Conselho Municipal se esqueceu de nós. Estamos assim há muitos anos. Quando chove somos obrigados a sair com uma roupa qualquer e trocar na rua”, queixou-se.

O nosso Jornal tentou ouvir o Conselho Municipal, através do vereador da área, Albano Carige, mas este não se disponibilizou a atender às nossas insistentes chamadas telefónicas. No seu gabinete de trabalho também fomos mal sucedidos, ora diziam-nos que estava “em serviço no terreno”, ora que estava numa reunião.

Fonte:Jornal Notícias

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