A Associação de Ténis Feminino (WTA) pronunciou-se esta manhã a propósito da polémica que envolve o árbitro português Carlos Ramos e Serena Williams na final do Open dos Estados Unidos.

“A WTA acredita que não deve haver diferença nos padrões de tolerância proporcionados às emoções expressas por homens e mulheres e está comprometida em trabalhar com o desporto para garantir que todos os jogadores são tratados de forma igual. Não acredito que isso tenha sido feito sábado à noite”, disse Steve Simon, diretor-geral do organismo.

Serena Williams acusou Carlos Ramos de “sexismo” depois de o juiz lhe ter atribuído três advertências que resultaram na perda de um set: a primeira por alegadamente ter recebido instruções do treinador que estava na bancada do court, uma segunda por partir a raquete, e a terceira pelo uso de linguagem incorreta.


“Deves-me um pedido de desculpas. Nunca menti na vida. És um mentiroso”
, disse a tenista norte-americana ao árbitro, a quem também acusou de discriminação e sexismo.

“O Carlos tem sido um dos melhores árbitros de ténis do mundo desde os anos 1990 e tem reputação de ser firme mas justo com os jogadores”, disse ao
New York Times
Mike Morrissey, antigo árbitro e oficial da Federação Nacional de Ténis.

Outro ex-árbitro, Richard Ings, disse que Carlos Ramos tomou uma decisão acertada. O treinador, diz, fez-lhe sinais duas vezes “para garantir que Serena via”. Não podia deixar passar a infração, defende, “tinha de a parar e foi o que fez. Acho que Carlos foi brilhante, corajoso e calmo”.

O português de 47 anos é árbitro de ténis profissional há 27 anos. Já arbitrou seis finais do Grand Slam e integrou a equipa de arbitragem dos Jogos Olímpicos de 2012. Tem por isso no currículo muitas as advertências feitas a tenistas de ambos os sexos, que perderam a calma durante um jogo.

Em maio de 2016, por exemplo, Carolos Ramos advertiu Nick Kyrgios por violação de código de conduta no Roland Garros, depois deste ter gritado com um dos apanha-bolas a pedir uma toalha.

No mesmo torneio, chamou a atenção de Venus Williams, irmã de Serena, porque estaria a receber indicações do treinador, acusação que esta negou.

Também em 2016, nos Jogos Olímpicos, Andy Murray queixou-se da “arbitragem estúpida” e também levou uma advertência.

Por excederem o limite do tempo para um serviço, Andy Murray, Rafael Nadal e Novak Djokovic já foram repreendidos por Carlos Ramos.

No caso do sérvio, advertido por “múltiplas violações de tempo”no Roland Garros, Djokovic gritou na sua língua-mãe e atirou uma bola em direção ao apanha-bolas. O resultado? Mais uma advertência, desta vez por conduta antidesportiva.

Já este ano, Djokovic voltou a estar na mira de Carlos Ramos. Primeiro por atirar uma raquete ao chão, depois por ameaçar atirar a bola ao árbitro.

Falando sobre o caso de Serena, o campeão masculino entende que o castigo não deveria ter sido tão duro, mas discorda que haja tratamento diferenciado dos árbitros para homens e mulheres.

“Podia ter sido diferente, mas não mudou o rumo da partida”. Na minha opinião, talvez tenha sido desnecessário. Todos temos as nossas emoções, principalmente quanto lutamos por um título do Grand Slam”, disse Novak Djokovic.

“Não vejo as coisas da mesma forma do senhor (Steve) Simon. Realmente não. Acho que homens e mulheres são tratados desta ou daquela forma dependendo da situação. É difícil generalizar as coisas, realmente. Acho que não é necessário haver este debate”, concluiu.


Naomi Osaka venceu o encontro em dois sets, pelos parciais de 6-2 e 6-4, conquistando, aos 20 anos, o primeiro título do Grand Slam
frente à veterana Williams, de 36 anos, que se tinha imposto em Nova Iorque em seis ocasiões diferentes (1999, 2002, 2008, 2012, 2013 e 2014).


Pelas infrações durante a partida, Serena Williams foi multada em 17.000 dólares (quase 15 mil euros).

Fonte:TSF Desporto

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