A Hidráulica de Chókwè (HICEP), na província de Gaza, está a enfrentar sérios problemas financeiros para dar resposta às necessidades operacionais de manutenção do sistema de regadio, uma situação que já está a colocar centenas de agricultores apreensivos face à campanha agrícola que arrancou oficialmente há dias, com uma previsão de produção de mais de 100 mil toneladas numa área de pouco mais de 4 mil hectares. 
A empresa necessita de pelo menos 40 milhões de meticais para a limpeza de um total de 33 canais secundários que transportam água aos campos de produção e drenagem de valas anexas às infra-estruturas hidráulicas.
Para a execução da actividade deverão ser mobilizadas pelo menos seis máquinas escavadoras, necessitando, para o efeito, de quantidades consideráveis de combustíveis e lubrificantes.
Enquanto isso, pequenos produtores que operam no regadio de Chókwè clamam por apoios em factores de produção, incluindo a preparação da terra, adubos e herbicidas, em virtude dos enormes prejuízos registados na última safra, devido aos problemas causados por pragas e doenças que dizimaram culturas, como milho e arroz.
“É urgente que algo seja feito para que o sonho do nosso saudoso Presidente Samora Machel se torne realidade, transformando este Chókwè em celeiro do país. Conhecimentos e cultura de trabalho estão aqui disponíveis. Contudo, razões alheias à nossa vontade tornaram o pequeno agricultor impotente, devido a dificuldades de vária ordem”, lamentou David Ngovene, agricultor afecto no “Dique 5”.
Por outro lado, o presidente da Associação dos Produtores do “Dique 9” de Massavassa, Milagre Machava, entende que numa altura em que tanto se fala de aumento da produção e da produtividade, por forma a se reduzir as importações de alimentos, não faz sentido que os agricultores continuem a passar por este leque de dificuldades.
Na campanha agrícola 2015/2016 a HICEP geriu um orçamento de cerca de 140 milhões de meticais e, este ano,  tem apenas disponíveis pouco menos de 50 milhões de meticais.
Entretanto, de acordo com fontes ligadas à empresa, tudo está sendo delineado internamente para que nos próximos três anos a HICEP possa ser auto-suficiente em termos financeiros, por forma a garantir a obtenção de receitas suficientes para custos operacionais e ainda produzir lucros.
Para o efeito, diferentes projectos estão a ser desenvolvidos, designadamente, a aquisição recente de uma fábrica de processamento de arroz, onde a HICEP detém 40 por cento das acções. 
A outra fonte, para o mesmo efeito, são os Serviços Agrários do Vale do Limpopo (SAVAL), uma entidade provedora de insumos, para além da participação, a partir da presente safra, na produção de culturas de alto rendimento, caso da cana sacarina, já com mercado garantido. 
Segundo a AIM, trata-se de iniciativas cujos frutos apenas poderão surtir efeitos a médio prazo, mas, segundo fontes, até lá a HICEP continuará a precisar de subsídios inerentes  ao défice de exploração, que a empresa enfrenta neste momento.

    Fonte:Jornal Notícias

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