"Somos o animal mais abundante. Eventualmente haveria correcção natural"

Autor científico David Quammen afirma que “a ciência e a tecnologia adequada para defrontar” a Covid-19 existem, ao contrário da “vontade política”.

 

O jornal espanhol El País publica, este domingo, uma extensa entrevista com David Quammen, reputado escritor norte-americano de livros científicos, que diz não estar surpreendido com as proporções alcançadas pela pandemia de Covid-19.

O autor sublinha que não faltou quem avisasse que um surto como este poderia surgir dentro de “um, três ou oito anos”, e aponta o dedo aos políticos que fizeram da expressão “Não gastarei dinheiro por algo que talvez não aconteça no meu mandato” um lema a seguir.

“A ciência e a tecnologia adequada para defrontar o vírus existe. Mas não havia vontade política, e, consequentemente, o dinheiro e a coordenação entre governos locais e nacionais e governos de todo o mundo. Também não há vontade para combater as alterações climáticas. A diferença entre isto e as alterações climáticas é que isto está a matar mais rápido”, atirou.

“Nós, os humanos, somos mais abundantes do que qualquer outro grande animal na história da Terra. E isto representa uma forma de desequilíbrio ecológico que não pode continuar para sempre. Eventualmente haveria uma correcção natural. Ocorre a muitas espécies, quando são demasiado abundantes para os ecossistemas algo lhes acontece”, acrescentou.

David Quammen disse, ainda, não ter dúvidas de onde surgiu a pandemia: “Os morcegos vivem muito. Um que tenha o tamanho de um rato pode viver 18 a 20 anos. Um rato vive um ou dois. Os morcegos nidificam juntos em colónias gigantes. Vi 60 mil numa cova, todos apertados. A longevidade e a massificação são circunstâncias óptimas para que os vírus passem incessantemente de um indivíduo para outro”.

“Estamos a destruir o habitat deles, e eles procuram comida em áreas humanas onde haja hortas e árvores de fruta nos jardins. Tudo isto aproxima-os dos humanos, o que, através das suas fezes e urina, aumenta as possibilidade de que os vírus se propaguem directamente ou através dos animais domésticos”, concluiu. (RM-NM)

Fonte:Rádio Moçambique Online

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