Turquia "obrigada" a intervir face à falta de ajuda aos refugiados

A Turquia foi “obrigada” a intervir militarmente na Síria devido à insuficiência das “ajudas” internacionais aos refugiados sírios, declarou esta terça-feira o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

 

“Não recebemos as ajudas que esperávamos da comunidade internacional, fomos obrigados a preocupar-nos com a nossa própria protecção”, explicou Erdogan durante o Fórum Mundial de Refugiados.

“Lançámos operações (…) para expulsar as organizações terroristas do Estado Islâmico (EI) e (das forças curdas) das YPG (Unidades de Protecção Popular, sírias) e do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, movimento separatista turco) que se encontravam nas zonas em causa”, afirmou na tribuna das Nações Unidas em Genebra.

Iniciada a 9 de Outubro, a ofensiva de Ancara no norte sírio contra a milícia YPG visava criar uma “zona de segurança” ao longo da fronteira entre a Turquia e a Síria.

“Queremos que a área permaneça segura” para que “os refugiados regressem à sua pátria”, declarou Erdogan.

A Turquia receia a formação de um embrião de estado curdo junto à sua fronteira, podendo reavivar o separatismo dos curdos turcos, e pretende devolver à Síria uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que acolhe.

O presidente turco disse ser necessário “eliminar a presença terrorista” no território sírio ocupado e “implementar programas de reinstalação” de refugiados, lamentando a falta de ajuda internacional, em particular a da União Europeia (UE).

A Turquia acolhe mais de quatro milhões de refugiados e acordou em 2016 com a UE travar o fluxo de candidatos ao exílio na Europa, mas recentemente Erdogan ameaçou deixar passar os migrantes se os países europeus não aprovarem os seus projectos de repatriamento dos sírios.

A ofensiva turca contra as YPG não foi apoiada pelo bloco europeu, tendo em conta que as milícias estiveram na linha da frente do combate ao EI apoiadas pela coligação internacional dirigida pelos Estados Unidos, e exacerbou as tensões entre a Turquia e Bruxelas.

O Fórum Mundial de Refugiados visa gerar novas abordagens e compromissos a longo prazo para ajudar os milhões de refugiados existentes no mundo e os países anfitriões.

É promovido pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) e assinala, segundo a organização, o fim de uma “década tumultuosa” que ficará marcada por um número recorde: mais de 25 milhões de pessoas no mundo são refugiadas. (RM-NM)

Fonte:Rádio Moçambique Online

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