País tem apenas 14 psiquiatras para cerca de 27 milhões de habitantes
Doenças mentais, afectivas e comportamentais, como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência ao consumo de bebidas alcoólicas, estão entre as dez maiores doenças incapacitantes que atingem a população mundial. Metade delas são tratadas pelo psiquiatra. Por isso é que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é preciso um psiquiatra para cada dez mil habitantes. Mas Moçambique, que tem cerca de 27 milhões de habitantes só tem 14. O que significa que cada psiquiatra está para cerca de dois milhões de habitantes. “Os recursos humanos na área de saúde mental são um grande desafio. A partir do próximo ano, teremos 18 psiquiatras, mas é claro que ainda é muito pouco para as necessidades do país. Contudo, demos um salto muito grande, se considerarmos que, em 2003, só tínhamos três”, disse a chefe do Programa Nacional de Saúde Mental, Lídia Gouveia. Ao todo, o Sistema Nacional de Saúde conta com uma equipa de 377 profissionais nos serviços de saúde mental, dentre eles 14 terapeutas ocupacionais, 109 psicólogos e 241 técnicos de psiquiatria. “Precisamos de continuar a apostar na formação e na melhoria das infra-estruturas para atender a população que nos procura”, disse Gouveia. Dados do ministério da Saúde mostram que, nos últimos três anos, o número de pessoas que procuraram pelos serviços de saúde mental aumentou. Em 2014, foram atendidas 70 mil pessoas; um ano depois, 122 mil; e em 2016 houve 14 909 consultas de psiquiatria. Igualmente, cresceu o número de doenças mentais diagnosticadas nos últimos cinco anos. Os casos de epilepsia passaram de 14 939 casos, em 2011, para 65 260 casos. Segue-se a esquizofrenia, que em cinco anos passou de 4 107 casos para 16 167 casos, e o abuso de álcool e outras drogas, que passou de 1 300 casos para 5 641 casos.