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Zimbabwe deporta activistas e proíbe mídia estrangeira antes das eleições de quarta-feira

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As autoridades do Zimbabwe deportaram nesta quinta-feira (17) quatro activistas regionais pró-democracia na chegada ao Aeroporto Internacional Robert Gabriel Mugabe. Jornalistas de vários órgãos de comunicação internacionais, incluindo pelo menos um fotojornalista do Daily Maverick, também foram proibidos de entrar no país, antes das eleições gerais marcadas para quarta-feira (23).

 

As autoridades do principal aeroporto do Zimbabwe recusaram a entrada de Chris Maroleng, director executivo da Good Governance África na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e mais três colegas seus, enquanto vários jornalistas de organizações de mídia estrangeiras não tiveram autorização para cobrir as próximas eleições.

 

Alguns funcionários da migração do Zimbabwe, que pediram para não serem identificados, disseram ter recebido instruções de oficiais de segurança para não permitir que Maroleng, um ex-locutor da South African Broadcasting Corporation (SABC), e membros de sua delegação entrassem no país.

 

“Recebemos instruções estritas para não permitir que certas pessoas entrem no país e temos uma lista dessas pessoas de várias organizações que não devem ser permitidas até depois das eleições. Não temos motivos, mas estamos apenas a seguir ordens da segurança”, disse uma fonte da migração.

 

O proeminente jornalista do Zimbabwe, Hopewell Chin’ono, postou nas redes sociais que Maroleng havia se encontrado com funcionários da embaixada do Zimbabwe que deram a ele e sua delegação luz verde para viajar.

 

O presidente Emmerson Mnangagwa alertou recentemente aos observadores eleitorais para não interferirem no processo eleitoral do Zimbabwe, mas para cumprirem apenas o seu mandato de observar as urnas. Um porta-voz presidencial avisou que observadores eleitorais que se intrometem nos assuntos internos do país seriam deportados do Zimbabwe.

 

Enquanto isso, vários órgãos de mídia estrangeiros não foram autorizados pelas autoridades do Zimbabwe para cobrir as eleições gerais de quarta-feira, embora nenhuma razão tenha sido dada.  Algumas das organizações incluem a Voz da América, ARD da Alemanha e Daily Maverick.

 

O chefe do serviço da Voz da América no Zimbabwe, Ray Choto, postou numa plataforma de mídia social que jornalistas da sua organização foram impedidos de cobrir as eleições.

 

“A inscrição dos jornalistas da Voz da América baseados nos EUA não foi autorizada pelo ministério para cobrir as eleições gerais. Nenhuma razão foi dada, então a nossa equipa não viajará para Zimbabwe”, escreveu Choto.

 

Jana Genth, correspondente da ARD para a África Austral, com sede em Joanesburgo, também disse que a sua organização também foi bloqueada.

 

“O mesmo se aplica à rádio e TV alemã ARD, com sede na África do Sul. Nenhuma razão foi dada pelas autoridades. Portanto, também não podemos viajar para Zimbabwe na próxima semana”, disse Genth.

 

A ministra da Informação, Monica Mutsvangwa, não foi localizada para comentar. No entanto, fontes do seu ministério disseram que o governo de Harare não permitiria que meios de comunicação considerados “hostis” cobrissem as eleições.

 

Isso ocorre logo após o governo do Presidente Mnangagwa, em conjunto com o gigante da mineração African Chrome Fields, ter levado recentemente vários jornalistas da África do Sul, Lesoto, Zâmbia, Moçambique, E-swatini, Namíbia, Tanzânia e Botswana, bem como jornalistas do Zimbabwe que trabalham para empresas de mídia na região da África Austral, ao país, no que foi apelidado de “True Zimbabwe Tour”.

 

A visita foi vista por muitos como uma manobra ou manipulação do governo de Harare para limpar a sua imagem abalada depois que o partido governamental de Mnangagwa, a Zanu-FP, realizou uma campanha eleitoral violenta que resultou na morte de um membro do principal partido de oposição do país, a Coligação Cidadãos pela Mudança (CCC).

 

Enquanto isso, a presidente da Comissão Eleitoral do Zimbabwe (ZEC), a juíza Priscilla Chigumba, disse que, até à última segunda-feira (14), um total de 3.572 observadores locais e 136 estrangeiros, bem como 376 jornalistas locais e 15 estrangeiros tinham sido credenciados, mas sem indicar os países. 

 

Zimbabwe está sob sanções impostas pelo Ocidente devido à controversa reforma agrária, mas ao nível regional o país tem vindo a granjear simpatia política. Neste âmbito, o país foi eleito vice-presidente da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) após a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo realizada ontem (17) em Luanda, em que Angola assumiu a presidência rotativa do bloco regional.

 

Os líderes regionais também desejaram ao Zimbabwe um processo eleitoral pacífico”, disse o Presidente Mnangagwa. O país também conquistou o voto de outros países da SADC na sua tentativa de ingressar no Conselho de Segurança das Nações Unidas para um assento como membro não permanente de 2027 a 2028.

 

A ex-secretária permanente do Ministério das Relações Exteriores, Judith Kateera, também prestou juramento após ser nomeada secretária-adjunta da SADC responsável pelos assuntos corporativos. (Daily Maverick)

Fonte: Carta de Moçambique